Quem compra bilhete para um voo da Ryanair espera encontrar o avião praticamente lotado. Pelo menos, este é o cenário que se costuma verificar numa grande maioria dos voos operados pela companhia aérea irlandesa. No entanto, a Ryanair inaugurou este ano uma nova rota que conta com voos duas vezes por semana e que, ao contrário do que costuma acontecer, vêm quase sempre vazios.
A companhia aérea Ryanair lançou em janeiro de 2025 uma nova rota entre Lanzarote, nas Ilhas Canárias, e Dakhla, cidade situada numa península no território do Saara Ocidental, atualmente sob controlo de Marrocos. Esta ligação, que opera duas vezes por semana, rapidamente chamou a atenção não pela sua popularidade, mas pela surpreendentemente baixa taxa de ocupação.
Dakhla: um destino disputado
Segundo dados divulgados pelo portal One Mile at a Time, Dakhla é uma cidade que, apesar de controlada por Marrocos, não tem a sua soberania reconhecida internacionalmente. A nova rota da Ryanair cobre uma distância de 624 quilómetros e está programada para continuar a operar até ao final deste ano.
O que torna esta ligação particularmente invulgar é o facto de ligar dois destinos turísticos relativamente pequenos. Ainda mais notável é o reduzido número de passageiros que a utiliza. As estatísticas oficiais da aviação espanhola mostram a fraca adesão ao serviço.
Taxa de ocupação abaixo do esperado
Em janeiro, mês de estreia da rota, a taxa de ocupação média foi de apenas 13,69%. Em março, quando se esperava um aumento da procura, a ocupação caiu para 9,05%, deixando os aviões praticamente vazios, com mais de 90% dos lugares por preencher.
Para efeitos de comparação, a Ryanair também iniciou uma ligação entre Madrid e Dakhla, que, embora com números ‘modestos’, registou melhores resultados. Em janeiro, esta rota teve um fator de ocupação de 56,81%, descendo para 31,94% em março.
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Contraste com a média global da companhia
Estes valores contrastam com a taxa média de ocupação da Ryanair no seu sistema global, que em março atingiu uns expressivos 93%. Este desvio levanta questões sobre a viabilidade comercial da operação para Dakhla, que parece não estar a atrair o número esperado de passageiros.
A razão para a continuidade desta ligação poderá residir num subsídio por parte do governo marroquino. De acordo com as informações disponíveis, esta rota faz parte de um acordo com o Escritório Nacional de Turismo de Marrocos, que visa impulsionar o turismo na região.
Anúncio oficial das novas rotas
Em dezembro de 2024, a Ministra do Turismo de Marrocos anunciou nas redes sociais a criação das novas rotas com a Ryanair. “Estou muito feliz em anunciar que, a partir de janeiro de 2025, a Ryanair vai operar novas rotas que irão conectar Dakhla a Madri e Lanzarote”, afirmou a ministra.
A responsável política destacou ainda que estes voos semanais iriam adicionar 16.000 novos lugares e aumentar em 50% a capacidade de transporte para Dakhla, descrevendo esta expansão como um passo importante para transformar a cidade num destino de referência para os desportos aquáticos.
Oferta não corresponde à procura
Embora a oferta de lugares tenha, de facto, aumentado, os números revelam que a procura ainda está aquém do esperado. Os aviões continuam a viajar com muitos lugares por preencher, o que contrasta com o entusiasmo demonstrado na altura do anúncio.
O recurso a subsídios para manter rotas aéreas não é uma prática nova. Em várias partes do mundo, os governos apoiam financeiramente ligações aéreas para desenvolver o turismo ou servir populações isoladas, uma estratégia que pode estar a ser aplicada neste caso específico.
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