Paulo Gil, nome histórico do jazz em Portugal, morreu esta quarta-feira, aos 84 anos. Segundo o site Jazz.pt, o seu funeral acontece esta sexta-feira, 13 de maio, no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
Nascido em Lisboa em 1937, Paulo Gil destacou-se como divulgador, promotor de espetáculos, programador (de eventos como o Seixal Jazz ou o Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras), crítico de jazz e jornalista, assinando artigos para a revista “Flama” e o jornal “O Século”. O melómano foi também músico, tendo tocado bateria (na banda Plexus, de Carlos Zíngaro), cantado e composto música para a banda-sonora do filme “A Passagem”, de 1971.
A morte de Paulo Gil foi lamentada pelo investigador João Moreira dos Santos, que recordou os muitos artigos escritos pelo divulgador nos anos 70, os programas de rádio e ainda a apresentação de “Som da Surpresa”, na RTP, nos anos 80. “E depois, havia as inúmeras estórias e peripécias que viveu com grandes músicos do jazz, da pop e do rock, de Miles Davis a Roger Waters, que conheceu enquanto trabalhou na Valentim de Carvalho”, acrescenta.
Na newsletter “Jazzlogical”, do site do mesmo nome, lembra-se a ligação de Paulo Gil ao Hot Club, de Lisboa, onde há duas semanas tinham estado juntos. “[Paulo Gil] estava sempre sentado no mesmo lugar, à frente do palco, sempre rodeado de amigos e sempre interpelando os músicos no palco, com toda a autoridade e desplante que os mais de 60 anos de jazz lhe autorizavam. 67 anos de associado do Hot, mais precisamente, soube hoje; o que fazia dele o mais antigo sócio do Hot vivo, como alardeava”, escreve Leonel Santos.
Como membro da direção do Hot Club, Paulo Gil “fez de tudo, com um entusiasmo e bonomia contagiantes”. “No seu último feito como agente, tinha trazido o Wayne Escovery ao Hot Club e a Oeiras, ainda em abril passado. Há pessoas que nos habituamos a encontrar ao longo dos anos e que acreditamos que são eternas; até que batemos de frente, violentamente, com a realidade. Para mim, o jazz, o Hot Club e o Paulo Gil confundem-se: quando comecei a ir ao Hot, nos anos 70, ele já lá estava, e quando voltar ao Hot, nesta ou na próxima semana, vou olhar para o lugar dele à espera de o ver”.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL