A secretária de Estado do Turismo acredita que as receitas turísticas cresçam 4% a 5% este ano, face a 2019, dada a recuperação “muito vigorosa” do setor, embora os balanços das empresas, “altamente deteriorados”, ainda levem alguns anos a robustecer.
“O turismo tem vindo, como é conhecido de todos, a recuperar de uma forma muito vigorosa face às métricas que conhecemos, designadamente em 2020, 2021, que foram, de facto, anos muito difíceis. Nesta altura, estamos a recuperar e aproximamo-nos a passos largos das métricas de 2019, sendo certo que temos confiança de que, inclusivamente, podemos ultrapassar as receitas turísticas observadas em 2019”, afirmou a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, em entrevista à Lusa, por ocasião do Dia Mundial do Turismo, que se assinala esta terça-feira, dia 27 de setembro.
Rita Marques lembrou que quando o plano Reativar Turismo foi apresentado, há um ano, acreditava-se que 2022 poderia aproximar-se, ou “até mesmo ultrapassar”, as receitas de 2019. Nesta altura, e “estando praticamente no final do ano, entendemos que temos todas as condições para ultrapassar 2019”, reforçou.
Em 2019, um ano recorde para a atividade turística nacional, Portugal alcançou receitas turísticas de mais de 18.000 milhões de euros.
Em julho, segundo as contas do Presstur a partir dos dados do Banco de Portugal, as receitas turísticas atingiram 10.830 milhões de euros, um montante que ultrapassa em 1.151,22 milhões o período homólogo de 2019, pré-pandemia, e supera em 7.280,97 milhões o período homólogo do ano passado.
“Nesta altura, estimamos [um crescimento] na ordem dos 4 a 5% acima de 2019”, disse quando questionada sobre a expectativa do executivo.
Apesar da recuperação, a governante admite ter “perfeita consciência que grande parte do tecido produtivo do setor do turismo se encontra numa situação fragilizada”. A comprová-lo estão os seus balanços.
“Sabemos bem que estamos perante balanços altamente deteriorados, fragilizados, decorrente de uma inatividade plena no ano de 2020 e 2021 e, portanto, andaremos seguramente alguns anos a garantir que essas empresas possam ser capitalizadas, robustecidas”, referiu Rita Marques, acrescentando que, “ainda assim, é preciso dar nota que este ano tem sido muito positivo para as […] empresas e tem sido útil também para reforçar a tesouraria, que estava muito deteriorada também fruto da pandemia que vivemos”.
Sobre a criação e falência de empresas do setor, a secretária de Estado do Turismo diz que se durante os anos de pandemia houve “uma estabilização no que toca à criação de novos negócios”, agora está-se perante “uma aceleração”, que confirma também “o ajustamento” à dinâmica de 2019.
“Estamos praticamente no mesmo registo de 2019, com muitas empresas novas a serem criadas, muito poucas a ‘morrerem’ e, portanto, estamos também confiantes com estes sinais que nos são de alguma forma clarificados, através desta monitorização pelo Turismo Portugal, também”, disse.
Sobre se o Governo pretende lançar novas medidas para fazer face aos mais recentes desafios como o aumento de custos para as empresas, Rita Marques lembrou que o plano Reativar Turismo – “muito ambicioso”, com 6.000 milhões de euros, já contempla medidas para a capitalização das empresas, “para também melhor gerirem as questões de tesouraria”, fruto da pandemia, e que está em marcha.
“Nós, nesta altura, temos grande parte das medidas em execução. […] E, portanto, estamos muito centrados, sobretudo, não na criação de novas medidas, mas na execução das medidas que estavam anunciadas e que, estou em crer, respondem também aos desafios do setor”, sublinhou.