A Declaração Eurocities Leipzig sobre a democracia local, publicada no evento «Melhorar a democracia local» em Leipzig, que reuniu este mês de abril 2025, líderes municipais, defensores da democracia e representantes da juventude de toda a Europa para repensar e revigorar as práticas democráticas a partir do zero, compromete-se a defender os valores democráticos, a representação equilibrada em termos de género, a inclusão dos cidadãos e a oposição ao discurso de ódio. Insta os dirigentes da UE a encetarem um diálogo estratégico formal com os governos locais e a assegurarem que as vozes das cidades estejam representadas nas principais decisões políticas e orçamentais, em especial no próximo orçamento da UE para sete anos.
Os autarcas afirmaram a sua disponibilidade para serem parceiros ativos na defesa da democracia, sobretudo em tempos de desconfiança nas lideranças nacionais. «Estamos prontos a trabalhar em conjunto com os líderes nacionais e da UE para defender e promover os valores democráticos, o Estado de direito e a inclusão dos cidadãos em todos os aspetos da governação local», afirma a declaração.
A democracia vive aqui
A democracia não é estática. Não esta garantida. Deve ser vivida, alimentada e constantemente defendida. E em nenhum lugar isso é mais possível do que em nossas cidades. O legado de Leipzig recorda-nos o poder que as comunidades locais detêm para desencadear a mudança. As ameaças de hoje são diferentes, mas o caminho a seguir continua o mesmo: capacitar os cidadãos, envolver os jovens, educar para a verdade, combater a desinformação e aproximar a tomada de decisões das pessoas.
Nas palavras de Eirik Lae Solberg, presidente da Câmara de Oslo, “se quisermos proteger a verdade, temos de dizer a verdade”. E a verdade é esta: uma Europa mais democrática começa nas cidades.
A história de Leipzig em 1989 recorda-nos que as comunidades locais têm o poder de mudar o curso da história. Em 9 de outubro daquele ano, mais de 70.000 pessoas saíram às ruas em uma manifestação pacífica contra o regime opressor da República Democrática Alemã. Apesar da ameaça de resistência armada de 8.000 forças estatais, o povo prevaleceu. Apenas um mês depois, o Muro de Berlim caiu, catalisando uma revolução pacífica que remodelou a Alemanha, a Europa e o mundo. Leipzig tornou-se um símbolo da democracia nascido nas ruas.
Edição e adaptação de João Palmeiro com EUROCITIES
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