O INEM poderá deixar de gerir ambulâncias próprias, passando o socorro e o transporte em urgência para bombeiros e operadores privados, numa mudança prevista no relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) que sustenta a “refundação” do instituto e que o Governo quer começar a concretizar em 2026.
De acordo com o Expresso, a proposta surge num contexto de reorganização do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), após auditorias e inspeções que identificaram falhas estruturais e problemas de comando, controlo e auditoria, segundo informação divulgada pelo Ministério da Saúde.
A ideia-base é concentrar o INEM no que é considerado “núcleo” da missão: atender pedidos, triar e acionar meios, com a operação das ambulâncias a ser assegurada por entidades externas, mantendo o INEM o papel de coordenação e definição de protocolos.
O que pode mudar no terreno
Segundo a informação noticiada, a primeira resposta no local ficará sobretudo a cargo de bombeiros e privados, com metas mais exigentes de rapidez, incluindo referência a um objetivo de chegada em oito minutos em situações de emergência.
Os meios diferenciados continuariam a existir, mas com outra lógica de posicionamento: equipas de Suporte Imediato de Vida (SIV) e Suporte Avançado de Vida (SAV) articuladas com o Suporte Básico de Vida (SBV), num modelo “piramidal” que a atual liderança do INEM diz querer reforçar.
Em paralelo, a cooperação com os bombeiros tem vindo a ser reforçada através de protocolos e postos de emergência médica, num modelo em que muitas ambulâncias já estão operacionalizadas por corporações, embora coordenadas pelo sistema do INEM.
112, CODU e SNS24 mais próximos
Outra alteração central é a criação de uma central única (ou, pelo menos, um funcionamento integrado) para reduzir transferências e acelerar decisões, juntando a triagem do CODU e do SNS24 e aproximando o 112 deste circuito de resposta.
Segundo dados divulgados no âmbito destas propostas, uma fatia relevante das chamadas acaba hoje por ser transferida entre linhas, incluindo situações de espera no CODU que passam para o SNS24, o que é apontado como um foco de ineficiência e risco.
A própria CTI aponta um horizonte até três anos para implementar a “linha única de atendimento”, com coordenação médica e apoio de equipas de enfermagem para suportar a triagem e a decisão clínica.
Dúvidas, reações e próximos passos
No terreno, sindicatos e bombeiros levantaram reservas: o STEPH diz ter “muitas dúvidas” sobre a viabilidade de algumas medidas e a Liga dos Bombeiros admite que certas soluções, tal como são descritas, não são exequíveis sem clarificação legal e operacional.
Do lado institucional, citado pelo Expresso, o presidente do INEM defendeu uma “fusão funcional” entre linhas e triagens para evitar que o cidadão fique em “pingue-pongue” entre centrais, enquanto o próprio INEM comunicou publicamente um plano de modernização com reforço tecnológico, recertificações e foco na atividade clínica.
Quanto ao calendário, o Ministério da Saúde aponta para a aprovação, até ao final de janeiro de 2026, do decreto-lei que estabelece a nova estrutura e orgânica do INEM, procurando ouvir forças políticas com assento parlamentar no processo.
















