Viajar de Lisboa ao Porto em pouco menos de cinquenta minutos continua a ser apenas uma hipótese teórica, mas o novo comboio chinês CR450 mostra até onde a tecnologia ferroviária já chegou. O novo comboio mais rápido do mundo atingiu 453 quilómetros por hora em testes, reforçando a posição da China como líder mundial na corrida pela alta velocidade.
O projeto CR450 foi desenvolvido para ser a nova referência da engenharia ferroviária. O modelo sucede ao CR400, atualmente o comboio mais rápido do mundo em serviço regular, que circula a 350 km/h nas principais linhas da China. A nova geração deverá atingir uma velocidade comercial de 400 km/h, mantendo margens de segurança e consumo energético reduzido.
Os testes iniciais foram conduzidos na província de Hubei, no troço entre Wuhan e Yichang, parte da futura linha de alta velocidade Wuhan–Chongqing–Chengdu. O protótipo já percorreu milhares de quilómetros em fase experimental, com resultados considerados promissores pelas autoridades chinesas.
Design aerodinâmico e materiais mais leves
De acordo com o jornal espanhol AS, o CR450 apresenta um nariz mais longo e uma carroçaria cerca de 10% mais leve do que o modelo anterior. As melhorias estruturais permitem reduzir a resistência do ar em aproximadamente 22%, o que se traduz numa maior eficiência e num funcionamento mais silencioso.
Graças a estas alterações, o comboio é capaz de acelerar de 0 a 350 km/h em apenas 4 minutos e 40 segundos, um desempenho inédito no setor ferroviário. Segundo o grupo China State Railway, o objetivo é garantir viagens mais rápidas sem comprometer a estabilidade nem o conforto dos passageiros.
Testes rigorosos antes da entrada em serviço
Antes de transportar passageiros, o CR450 terá de percorrer cerca de 600 mil quilómetros de ensaios para comprovar a sua segurança, fiabilidade e durabilidade. Só depois dessa fase será autorizado a operar comercialmente, algo que poderá acontecer a partir de 2026.
As autoridades chinesas acreditam que este novo modelo reduzirá significativamente os tempos de viagem em todo o país. Linhas que hoje demoram quatro ou cinco horas poderão ser percorridas em metade do tempo, aproximando grandes centros urbanos e impulsionando a economia regional.
O futuro da alta velocidade
Com o CR450, a China reforça a sua liderança tecnológica num setor dominado durante décadas por Japão e Europa. O país quer demonstrar que é possível combinar velocidade, segurança e eficiência energética num sistema de transporte de massas.
Além disso, está já em curso a investigação de comboios magnéticos capazes de ultrapassar os 600 km/h. Estes projetos encontram-se em fase de laboratório, mas revelam a ambição chinesa de continuar a ultrapassar limites técnicos e físicos.
Lisboa–Porto em menos de uma hora (projeção)
Se um comboio com as características do CR450 operasse em Portugal, a viagem entre Lisboa e o Porto, com cerca de 313 quilómetros, poderia ser feita em aproximadamente 47 minutos sem paragens intermédias. No entanto, trata-se apenas de uma projeção teórica: as infraestruturas portuguesas atuais não estão preparadas para velocidades deste nível.
Mesmo assim, a comparação ilustra o impacto que um sistema ferroviário de 400 km/h teria num país de dimensão média. A ligação rápida entre as duas principais cidades portuguesas transformaria a mobilidade interna e reduziria a dependência do transporte aéreo.
Um marco tecnológico e simbólico
O CR450 não é apenas uma conquista de engenharia. Segundo o AS, representa também uma demonstração do poder industrial e tecnológico da China, que procura consolidar a sua posição como referência mundial em transporte sustentável.
Ao combinar design aerodinâmico, controlo digital e baixo consumo energético, o novo comboio mais rápido do mundo mostra que o futuro das viagens de longa distância poderá estar cada vez mais próximo de velocidades que antes pertenciam apenas à aviação.
O que é oficial e o que é projeção
Oficial:
- O CR450 atingiu 453 km/h em testes de pré-serviço.
- A velocidade comercial prevista é de 400 km/h.
- O modelo reduz a resistência do ar em cerca de 22%.
- O comboio é cerca de 10% mais leve do que o CR400.
- Precisa de cumprir 600 mil km de testes antes da operação.
Projeção:
- Entrar em serviço em 2026 é o cenário mais provável, mas não confirmado.
- A comparação com a rota Lisboa–Porto é apenas ilustrativa.
- Os comboios magnéticos de 600 km/h estão ainda em fase de desenvolvimento laboratorial.
Com o CR450, a China mostra que o futuro da mobilidade passa pela alta velocidade. Se as previsões se confirmarem, este comboio poderá mudar para sempre a forma como o mundo viaja.
Leia também: União Europeia ‘aperta’ e supermercados em Portugal vão sentir o impacto. Saiba como
















