A construção de grandes infraestruturas em locais improváveis pode parecer uma proeza da engenharia moderna, mas há casos em que a natureza não se deixa vencer com facilidade. Este aeroporto, que começou como um dos projetos mais ambiciosos do mundo está hoje envolto em preocupação e incerteza, levantando questões sobre o seu futuro e a sua segurança, uma vez que se está a afundar todos os dias.
O Aeroporto Internacional de Kansai, situado na Baía de Osaka, no Japão, é um dos exemplos mais impressionantes de engenharia civil dos últimos tempos, mas também um dos mais problemáticos, de acordo com o Notícias ao Minuto.
Inaugurado em setembro de 1994 e construído sobre duas ilhas artificiais a um custo de cerca de 20 mil milhões de dólares (18,6 mil milhões de euros), o aeroporto foi projetado para resolver a falta de espaço em terra firme. No entanto, menos de três décadas depois, enfrenta um problema que ameaça a sua própria existência: está literalmente a afundar.
Previsões falharam desde o início
Durante a fase de planeamento, os engenheiros previram que o aeroporto afundaria cerca de 5 metros ao longo da sua vida útil. Contudo, a realidade revelou-se bem diferente. Nos primeiros cinco anos de operação, a estrutura já tinha descido 8 metros, ultrapassando todas as estimativas iniciais. Hoje, o aeroporto afundou mais de 11 metros desde a inauguração e alguns especialistas, citados pela mesma fonte, acreditam que poderá descer mais 4 metros até 2056, ficando perigosamente próximo do nível do mar.
Soluções caras e resultados incertos
Para tentar travar o processo, o Japão investiu centenas de milhões de euros em medidas de mitigação, incluindo cerca de 138 milhões de euros para elevar o paredão que protege a infraestrutura. Mesmo assim, o terreno do aeroporto continua a afundar a um ritmo de cerca de 7 centímetros por ano.
Esta tendência aumenta o risco de inundações e coloca em causa a resistência da infraestrutura, especialmente em situações de tempestades ou marés elevadas.
Quando a localização se transforma numa ameaça
A decisão de construir o aeroporto sobre a água foi motivada pela escassez de espaço no Japão, um país com limitações geográficas significativas. Ainda que a criação de ilhas artificiais seja uma técnica comum no país, a dimensão e a complexidade do projeto de Kansai tornaram-no particularmente arriscado. E o risco não se limita ao afundamento, de acordo com a fonte anteriormente citada.
Também a sua localização exposta o torna vulnerável a fenómenos naturais. Em 2018, um poderoso tufão atingiu a região ocidental do Japão, inundando as pistas e danificando a ponte que liga o aeroporto ao continente, depois de um petroleiro colidir com a estrutura durante a tempestade.
O incidente deixou mais de 3.000 passageiros retidos, sem energia elétrica nem ar condicionado, evidenciando a fragilidade do local perante catástrofes naturais.
Uma infraestrutura essencial sob pressão
Apesar de estar literalmente a afundar, o Aeroporto Internacional de Kansai mantém-se como uma peça fundamental na rede de transportes do Japão. Todos os anos, mais de 20 milhões de passageiros e quase um milhão de toneladas de carga passam pelas suas instalações, tornando-o um dos principais pontos de entrada e saída do país, de acordo com o Notícias ao Minuto.
Ainda assim, a questão permanece: até quando conseguirá resistir? O ritmo contínuo do afundamento e a crescente ameaça das alterações climáticas colocam em causa a viabilidade a longo prazo desta infraestrutura, outrora vista como um símbolo do engenho humano.
















