Um novo estudo publicado na revista Ethology sugere que os gatos podem vocalizar de forma diferente consoante o sexo do cuidador: nos primeiros 100 segundos após a chegada a casa, os homens receberam, em média, 4,3 vocalizações, enquanto as mulheres receberam 1,8.
A investigação analisou interações em condições naturais do dia-a-dia, com gravações em casa e instruções para que os participantes se comportassem “como sempre”, para captar reações autênticas dos animais.
Além dos miados, o estudo contabilizou também outros sons de saudação, como ronrons e chilreios, para perceber se as vocalizações faziam parte de um padrão consistente no cumprimento.
O que o estudo observou e o que não encontrou
No total, foram acompanhados 31 gatos e monitorizados 22 comportamentos diferentes durante sessões curtas de cumprimento, com especial foco nos primeiros instantes após o regresso do cuidador.
O dado que mais se destacou foi precisamente a vocalização: os investigadores indicam que os gatos vocalizaram mais para cuidadores do sexo masculino e que, fora isso, não houve um efeito claro de variáveis como idade, sexo ou raça do gato.
Outro pormenor relevante: as vocalizações apareceram como um sinal relativamente “independente” dos restantes comportamentos observados, o que sugere que não são apenas reflexo de stress ou agitação, mas podem funcionar como comunicação intencional no contexto do reencontro.
A “nova teoria”: porque é que os homens ouvem mais miados?
O estudo, citado pelo New York Times, não prova a causa, mas levanta uma hipótese que já está a circular em várias leituras do trabalho: as mulheres tenderiam a dar mais atenção e a interpretar melhor sinais subtis dos gatos, reduzindo a necessidade de “reforço” vocal.
Já os homens, descritos como mais distantes nalgumas interações, poderiam estar a levar os gatos a “subir o volume” para obter resposta, uma forma pragmática de chamar atenção quando os sinais mais discretos não chegam.
Os próprios autores admitem essa leitura ao sugerirem que cuidadores masculinos podem precisar de sinais mais explícitos para perceber e responder às necessidades do animal, o que, com o tempo, pode “ensinar” o gato a vocalizar mais nesse contexto.
O que isto significa para quem tem gato em casa
Na prática, o estudo não diz que os gatos “gostam mais” de homens ou mulheres, diz que podem ajustar a forma de comunicar ao tipo de resposta que recebem, sobretudo no momento do cumprimento.
Também vale a pena ter em conta o tamanho do estudo e o contexto (participantes num mesmo enquadramento cultural), o que significa que são precisas mais investigações para perceber se o padrão se repete noutros países e rotinas familiares.
Ainda assim, a “dica” prática é simples: se o seu gato mia muito quando chega a casa, pode não ser só fome, pode estar, literalmente, a pedir interação. E quanto mais consistente for a resposta (carinho, fala suave, rotina), menos necessidade terá de insistir aos gritos.
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