A Comissão Europeia quer acelerar o reforço da Defesa comum, e entre os novos projetos destaca-se o “muro de drones”, uma rede de vigilância e proteção que deverá estar totalmente operacional até ao final de 2027.
Esta iniciativa faz parte do Plano ReArm Europe/Prontidão 2030, um documento estratégico que define as novas prioridades militares do bloco europeu, com enfoque nas ameaças crescentes no Leste da Europa. A informação foi revelada por uma fuga de documentação a que a Euronews teve acesso, e deverá ser oficialmente apresentada nos próximos dias em Bruxelas.
Segundo o plano, o “European Drone Wall”, ou Muralha Europeia de Drones, será um sistema integrado, concebido para detetar, rastrear e neutralizar drones hostis, além de permitir ataques de precisão a alvos terrestres. A estrutura será partilhada entre os Estados-Membros, funcionando como uma rede interligada e interoperável.
Resposta direta a ameaças crescentes
O “muro europeu de drones” surge como resposta direta à crescente ameaça russa, especialmente após os incidentes registados junto às fronteiras orientais da União. A invasão da Ucrânia e o aumento de operações militares de vigilância por parte de Moscovo levaram Bruxelas a acelerar a criação de uma infraestrutura capaz de detetar e neutralizar drones hostis antes que entrem no espaço europeu.
Mais do que um projeto tecnológico, trata-se de uma medida de dissuasão estratégica que pretende reforçar a segurança coletiva e demonstrar que a Europa está preparada para responder de forma coordenada a qualquer ‘provocação’ vinda de Leste.
Um escudo digital de fronteira
O projeto insere-se no programa Eastern Flank Watch (“Vigilância do Flanco Oriental”), que também contempla o Air Defence Shield e o Defence Space Shield, iniciativas complementares destinadas a reforçar a segurança aérea e espacial da União.
O objetivo é que o “muro” funcione como um escudo digital que vigie as fronteiras externas, sobretudo na zona oriental da Europa, onde a proximidade da Rússia é vista como o maior desafio estratégico.
As capacidades antidrone serão implementadas de forma gradual, com recurso a tecnologias de deteção por radar, inteligência artificial e sistemas de neutralização por micro-ondas e laser, semelhantes aos utilizados pela NATO.
Mobilidade militar será reforçada
Outra prioridade destacada no documento é a mobilidade militar. Até 2027, a Comissão pretende criar uma “zona de mobilidade” à escala da União, com regras e corredores logísticos comuns, facilitando o transporte de tropas e equipamento entre Estados-Membros.
Atualmente, alguns países ainda demoram até 45 dias a autorizar deslocações militares estrangeiras dentro do seu território, o que é considerado insustentável em caso de emergência.
O objetivo é reduzir burocracias, harmonizar procedimentos e garantir uma resposta rápida a ameaças híbridas, incluindo ataques cibernéticos e sabotagens a infraestruturas críticas.
Financiamento continua por esclarecer
Apesar da ambição do plano, o documento não apresenta novas fontes de financiamento. A Comissão reitera apenas que o orçamento plurianual para a Defesa deverá subir para 131 mil milhões de euros, dos quais 18 mil milhões serão destinados à mobilidade militar, um valor significativamente superior aos 1,76 mil milhões do atual quadro financeiro.
O Parlamento Europeu defende, contudo, a criação de uma “União da Poupança e do Investimento” para canalizar fundos privados para o setor e reforçar o papel do Banco Europeu de Investimento (BEI) como entidade de apoio à indústria de Defesa.
Produção conjunta para reduzir custos
Outro dos objetivos é aumentar a aquisição conjunta de equipamento militar entre Estados-Membros. A Comissão propõe que, até 2027, pelo menos 40% das compras de Defesa sejam realizadas de forma partilhada e que 60% dos orçamentos nacionais neste setor sejam aplicados em fornecedores europeus ou ucranianos até 2030.
Esta estratégia pretende reduzir custos, acelerar entregas e reforçar a interoperabilidade das forças armadas europeias.
Uma Europa mais preparada
Segundo o texto, o “muro de drones” será um dos pilares da nova política de Defesa comum. A Comissão Europeia defende que esta rede não é apenas uma resposta tecnológica, mas também uma forma de “consciência situacional europeia”, um sistema capaz de coordenar ações e proteger simultaneamente infraestruturas críticas e civis em vários países.
O projeto deverá estar concluído até ao final de 2027, coincidindo com o prazo de operacionalização total do programa ReArm Europe, de acordo com a Euronews.
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