Skip to content
Postal do Algarve

Postal do Algarve

Diariamente, siga online as notícias do Algarve e as mais relevantes de Portugal e do Mundo

Menu
  • Sociedade
    • Ciência
  • Economia
    • Patrocinado
  • Saúde
  • Política
    • Legislativas 2022
  • Cultura
    • Ensino
    • Lazer
  • Desporto
  • Opinião
  • Europe Direct Algarve
  • Edição Papel
    • Caderno Alcoutim
  • Contactos
Menu
Foto DR
Cultura, Edição Papel, Opinião

Celtas e Mouros, a genética populacional | Por Jorge Queiroz

OS DIAS CLAROS: Artigo de Jorge Queiroz publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de maio

15:00 5 Maio, 2023 13:40 4 Maio, 2023 | Jornal Postal
  • Facebook
  • Twitter
  • Messenger
  • Whatsapp
  • Telegram
  • Email
  • Linkedin
  • Pinterest
Jorge
Queiroz Sociólogo

A Genética é a área da Biologia que analisa os processos de transmissão hereditária.

Um dos seus ramos, a genética populacional, revela a diversidade, selecção natural, padrões de acasalamento e mutações genéticas, permite estabelecer itinerários migratórios, a “pegada humana”, disponibilizando, entre outros conhecimentos, a origem e desenvolvimento de doenças hereditárias em determinadas comunidades e grupos.

Na base da genética populacional encontra-se a investigação do ADN mitocondrial, transmissão por via feminina das características de cada ser humano, designada por “Eva mitocondrial”. As técnicas de análise do ADN mitocondrial surgiram sobretudo a partir de 1981, incidindo sobre as mitocôndrias responsáveis pela respiração e energia celulares.

Hoje é possível determinar linhagens antigas, mais difícil será estabelecer a história genética recente, porque os processos de transmissão ocorrem no tempo longo e por gerações.

Em Portugal é corrente ouvir-se falar em “celtas” a norte e “mouros” a sul, como se os portugueses fossem grupos étnicos genética e culturalmente diferenciados.

Mas o que revelou a genética populacional?

Nas últimas duas décadas sete estudos internacionais, utilizando metodologias diferentes, concluíram pela presença no noroeste peninsular da linhagem U6 dos berberes, correspondendo às regiões das Astúrias, Leão, Galiza e norte de Portugal. A revelação causou surpresa por serem zonas mais distantes do Norte de África, com menor controlo político muçulmano.

Entre os trabalhos publicados, encontram-se vários de investigadores portugueses do IPATIMUP, Luísa Pereira, António Amorim e outros, divulgados nomeadamente pelo “International Journal of Legal Medicine “abordando o património genético do País.

A população portuguesa, segundo a investigação genética, integra linhagens do neolítico, o haplogrupo H, que resultam de migrações do Médio Oriente para a Europa, logo surge a linhagem característica das populações magrebinas, o haplogrupo U6, praticamente ausente no resto da Europa e ainda o haplogrupo L, resultante das colonizações do século XV-XVI, transmissões genéticas a partir de indivíduos vindos da África subsaariana por via da escravatura.

Os estudos em Portugal revelaram que o haplogrupo U6 dos berberes aparece com maior incidência no norte do País (5%), do que no centro (3%) e sul (2%), confrontando algumas teses do medievalismo tradicional.

Nos últimos anos surgiu investigação e bibliografia científica que questiona a “invasão árabe” ou “islâmica” de 711 d. C, não só porque o Islão se consolida mais tarde, também porque há registos de fixação de populações vindas do Magrebe em séculos anteriores, facto normal dada a facilidade de navegação e de atravessamento do Estreito de Gibraltar, apenas 16 quilómetros separam os dois continentes. É por outro lado conhecida a resistência berbere à colonização árabe, natural que comunidades berberes tenham ido para a Galiza e zonas próximas dos Pirenéus.

A “reconquista cristã” teria por objectivo recuperar territórios perdidos, justificou a unificação das Espanhas pelos reis católicos, à qual apenas o Reino de Portugal não foi incluído até 1580.

A ocupação cristã do Sul, menos povoado, fez-se com a participação das ordens militares e milícias feudais que praticavam a endogamia, os não cristãos eram separados em “mourarias” e “judiarias”, bairros de onde apenas saíam de dia para trabalhar. Para o norte e centro do País, de propriedade mais fraccionada, carecida de mão de obra camponesa, terão ido famílias muçulmanas que acabariam por se integrar e se transformar em pequenos proprietários.  

Por aprofundar estão as consequências das deportações para o interior da Península dos “mouriscos” revoltosos de Alpujarras (1567-1571), décadas após à queda do reino nazari de Granada. O processo de “cristianização” forçada, que atingiu primeiro os judeus, culminou com a expulsão para o Norte de África, entre 1609 e 1613, por decisão de Felipe III sob controlo da Inquisição, de cerca de meio milhão de “mouriscos”, que desde sempre viveram na Península.

Após mil anos de permanência de diferentes tradições culturais ibéricas, apareceu uma História eminentemente ideológico-religiosa, centrada na competição entre povos e culturas, na construção do Outro, baseada na lenda e na fé, explorada no interesse dos diferentes poderes.

O Al Andalus é hoje reconhecido como uma das fontes da civilização europeia, evidencia-se nele características ibéricas particulares. Investigadores de diferentes origens e especialidades, identificaram neste centro de conhecimento partilhado o primeiro Renascimento que influenciou as universidades, na filosofia, medicina, ciências e artes por toda a Europa medieval.  

A genética populacional e outras ciências ligadas à História Cultural, permitem-nos entender melhor da história do País e do mundo, propor as revisões necessárias e normais alterações.

*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

O primeiro cristianismo ibérico, questões em aberto | Por Jorge Queiroz
Religiões mediterrânicas, a Lusitânia e as origens de um país | Por Jorge Queiroz
Língua Portuguesa, antigos e novos caminhos | Por Jorge Queiroz
Portugal hoje, a vontade e sabedoria de existir | Por Jorge
Há um novo POSTAL do ALGARVE nas bancas com o Expresso 🌍

Últimas

  • Benfica campeão: Centenas de adeptos em Faro exultam Gonçalo Ramos e João Neves
    Benfica campeão: Centenas de adeptos em Faro exultam Gonçalo Ramos e João Neves
  • Estacionou mal o carro? Confira os valores das multas e quantos pontos perde na carta [vídeo]
    Estacionou mal o carro? Confira os valores das multas e quantos pontos perde na carta [vídeo]
  • Calcule quanto vai receber de reforma
    Calcule quanto vai receber de reforma
  • Algarve e Alentejo preparam-se para o ‘pior’ no combate a fogos [fotogaleria]
    Algarve e Alentejo preparam-se para o ‘pior’ no combate a fogos [fotogaleria]
  • Pânico a bordo: imagens mostram passageiro a abrir porta de avião em pleno voo com 194 pessoas [vídeo]
    Pânico a bordo: imagens mostram passageiro a abrir porta de avião em pleno voo com 194 pessoas [vídeo]

Opinião

  • Problemas do Curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve | Por Célia Howell
    Problemas do Curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve | Por Célia Howell
  • O Metro-Bus, o Custo de Oportunidade e um Algarve verdadeiramente regional | Por João Campos
    O Metro-Bus, o Custo de Oportunidade e um Algarve verdadeiramente regional | Por João Campos
  • Democracia Portuguesa de Representação (a Indirecta) | Por Ludgero Faleiro
    Democracia Portuguesa de Representação (a Indirecta) | Por Ludgero Faleiro

Europe Direct Algarve

  • Podcast | Maio hortelão, muita palha e pouco grão – Que Nome Damos a Isto?
    Podcast | Maio hortelão, muita palha e pouco grão – Que Nome Damos a Isto?
  • Podcast | Como uma mera ida ao perfil pessoal no Instagram se torna num meio para alargar os nossos horizontes culturais?
    Podcast | Como uma mera ida ao perfil pessoal no Instagram se torna num meio para alargar os nossos horizontes culturais?
  • Dia da Europa: CCDR Algarve junta coros de crianças de Faro e de emigrantes ucranianos para entoarem o hino da Europa [vídeo]
    Dia da Europa: CCDR Algarve junta coros de crianças de Faro e de emigrantes ucranianos para entoarem o hino da Europa [vídeo]
  • Política de Privacidade, Estatuto Editorial e Lei da Transparência
Configurações de privacidade
©2023 Postal do Algarve