O número de pessoas idosas que continuam a trabalhar mesmo depois de décadas de carreira está a aumentar, muitas vezes por falta de condições para se retirarem da vida ativa. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada vez mais trabalhadores com mais de 70 anos sentem-se obrigados a prolongar a atividade profissional por razões financeiras.
Um caso recente que tem gerado debate internacional é o de Sandy McConnell, de 80 anos, residente no estado do Nevada, que ainda cumpre um horário completo de trabalho. Em declarações diretas, resume a sua situação: “Só tenho 37 dólares [31€] na conta”.
Dívidas e responsabilidades familiares
Segundo o site especializado em negócios e finanças, Business Insider, Sandy começou a trabalhar aos 16 anos e, ao longo da vida, acumulou várias dívidas enquanto apoiava familiares em momentos de necessidade.
Em 1997, após a separação, tornou-se responsável por criar cinco filhos sozinha, mantendo simultaneamente hipoteca, carro e cartões de crédito. A decisão de não aderir ao plano de reforma da empresa foi motivada pela necessidade imediata de dinheiro.
Impacto da pandemia
A pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a situação. Sandy perdeu o emprego e declarou falência em 2021, repetindo um processo idêntico ao de 2004.
Atualmente trabalha a partir de casa numa empresa com horários flexíveis e recebe uma prestação social de 1.523 euros por mês, valor insuficiente para se retirar da vida ativa. A sua dívida total, excluindo a casa, aproxima-se dos 60 mil euros.
Economia doméstica e hábitos diários
Apesar das dificuldades, Sandy mantém uma rotina organizada e pequenos hábitos que lhe dão alegria. Gosta de visitar os netos, passear com os cães e reencontrar antigos colegas de trabalho.
Todas as noites dedica algum tempo ao póquer online como passatempo e controla rigorosamente os gastos diários, limitando-se ao essencial na alimentação e nas despesas básicas.
Fragilidade do sistema de reformas
O caso de Sandy McConnell evidencia a fragilidade de um sistema em que décadas de trabalho nem sempre garantem segurança financeira na velhice.
Conforme destaca o Business Insider, a experiência desta contabilista ilustra um fenómeno visível nos Estados Unidos, mas com ecos noutros países, sublinhando a importância de um planeamento económico consistente ao longo da vida.
Realidade portuguesa
Em Portugal, muitos idosos enfrentam dificuldades económicas apesar de décadas de trabalho, com pensões frequentemente insuficientes para cobrir o aumento do custo de vida e as despesas de saúde.
Muitos complementam os rendimentos com trabalho informal ou a tempo parcial, enquanto outros dependem do apoio da família. Um número significativo vive em risco de pobreza, sobretudo mulheres que tiveram carreiras interrompidas. A maior longevidade pressiona o sistema de pensões e os serviços de cuidados, criando o desafio de garantir um envelhecimento digno e autonomia financeira.
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