Durante décadas, o som das notas a sair de um terminal Multibanco foi sinónimo de independência e segurança para milhões de portugueses. Com a transição acelerada para pagamentos digitais, a preparação do euro digital pelo Banco Central Europeu e o avanço das carteiras no telemóvel, o futuro das caixas automáticas começa a desenhar-se de forma diferente.
A ideia de que o Multibanco vai desaparecer é um equívoco. O sistema deverá transformar-se, acompanhando a redução do uso de dinheiro físico e a possível adoção do euro digital, adaptando-se a um ecossistema onde a maioria das transações é eletrónica, segundo o portal VortexMag.
Uma nova geração de máquinas
Inspirando-se em países onde o numerário já é residual, a rede portuguesa prepara um salto tecnológico. As máquinas deixarão de servir sobretudo para levantar dinheiro e passam a ser pontos de contacto avançados entre cliente e banco.
Entre as novas funções poderão estar transferências, confirmação de pagamentos, emissão de cartões virtuais, pedidos de documentação e autenticação com Cartão de Cidadão, incluindo operações ligadas à gestão de carteiras do futuro euro digital, quando este estiver disponível.
O Multibanco como extensão do banco digital
Segundo a mesma fonte, o objetivo é transformar os terminais numa extensão física das aplicações móveis, com segurança reforçada, acessibilidade e funcionamento permanente. De caixas de notas, evoluem para balcões digitais sempre abertos.
Atualmente, existem cerca de 12 mil terminais em Portugal, número que poderá reduzir para metade na próxima década. Os equipamentos remanescentes serão mais inteligentes, multifuncionais e colocados em locais estratégicos.
Menos máquinas, mais capacidades
As antigas caixas de levantamento darão lugar a terminais sofisticados em centros comerciais, supermercados e estações. Neles será possível gerir contas, desbloquear cartões, contactar o banco por videochamada e autenticar operações com reconhecimento facial.
Com o tempo, o teclado físico e o próprio cartão poderão perder relevância, dando lugar a interações digitais e à integração com serviços relacionados com o euro digital, segundo aponta a VortexMag.
Segurança digital no centro das mudanças
Com menos numerário em circulação, o risco migra do assalto físico para o cibercrime. As novas máquinas vão apostar na autenticação biométrica e na ligação direta ao smartphone, com protocolos de segurança equivalentes aos da banca online.
Sempre que possível, as operações serão confirmadas na app bancária e os recibos passam a ser digitais. Tapar o PIN deixará de ser rotina; a atenção desloca-se para a proteção do ecrã do telemóvel e das credenciais digitais.
O telemóvel toma o lugar do cartão
Tal como os cheques caíram em desuso, também o cartão físico tenderá a perder espaço. A aproximação do telemóvel ao terminal identificará o utilizador e permitirá autorizar pagamentos com biometria.
Esta aproximação abre caminho a interações com o euro digital, usando NFC ou códigos QR, sem necessidade de cartão plástico.
Experiência unificada e mais rápida
A integração entre terminais e dispositivos móveis promete operações mais rápidas, seguras e intuitivas. A mesma experiência deverá aplicar-se a pagamentos com euro digital, quando este entrar em produção.
Um futuro sem notas, mas com transição longa
Apesar da digitalização, o dinheiro físico não desaparece de um dia para o outro. Continuará a ser usado por parte da população e em zonas menos digitalizadas, exigindo uma adaptação faseada.
Nesse período, algumas máquinas manterão o levantamento de notas e poderão oferecer serviços de conversão entre numerário e meios digitais, para garantir inclusão financeira.
Rede mais eficiente
Os bancos perspetivam uma rede mais reduzida, mas com mais serviços: centros multifuncionais onde será possível pagar contas, adquirir bilhetes, tratar de pequenas burocracias e, potencialmente, interagir com carteiras de euro digital.
Multibanco evolui com o tempo
O conceito de Multibanco está a ser reconfigurado. Em vez de desaparecer, transforma-se num ponto de serviços financeiros digitais, disponível 24 horas por dia.
Segundo a mesma fonte, o cartão físico deverá ser gradualmente substituído pelo telemóvel à medida que os pagamentos digitais se tornam padrão. Notas e moedas perdem espaço no quotidiano, mantendo-se em situações específicas. Num horizonte de médio prazo, as máquinas deixarão de ser vistas apenas como caixas de levantamento e passam a ser portas de entrada para serviços bancários digitais, incluindo, quando chegar, o euro digital.
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