A revisão da pensão em 2026 pode significar mais dinheiro no fim do mês, mas nem sempre depende de “novas regras”: muitas vezes, a diferença está em corrigir descontos e remunerações que ficaram mal registados (ou nem chegaram a entrar) na carreira contributiva.
Em Portugal, há dois temas que tendem a confundir: a atualização anual das pensões (automática) e a revisão ligada a erros/omissões na carreira contributiva (normalmente por pedido do cidadão). Em ano de decisões de reforma, esta diferença é crucial.
O alerta aplica-se sobretudo a quem vai pedir a pensão em 2026, mas também a pensionistas que, ao relerem a decisão ou a carreira contributiva, detetam períodos em falta, valores errados ou situações complexas (carreiras repartidas por regimes).
Atualização não é revisão: o que muda em janeiro e o que depende de si
A atualização anual das pensões é feita com base numa fórmula legal e depende de indicadores como inflação e crescimento do PIB, variando por escalões (associados ao IAS). Para 2026, várias entidades já publicaram estimativas de aumentos, sublinhando que os valores finais só ficam confirmados quando forem formalizados pelo Governo e publicados em Diário da República.
Já a “revisão” de que muitos pensionistas falam é outra coisa: é a correção de erros ou falhas na carreira contributiva que pode influenciar o cálculo da pensão atribuída. Em linguagem simples: se faltam meses/anos de descontos ou há remunerações mal lançadas, o valor final pode sair prejudicado.
A Segurança Social tem um serviço de “pedido de revisão de carreira” que, segundo a informação divulgada no âmbito do projeto “Eu e a Minha Reforma”, fica disponível 180 dias (seis meses) antes de a pessoa reunir condições para a pensão de velhice.
Situações típicas que podem mexer no valor da pensão
O primeiro cenário é o mais comum: períodos contributivos em falta (meses/anos que não aparecem) ou valores de remuneração incorretos. Pode acontecer por falhas antigas, mudanças de empregador, erros declarativos ou períodos muito antigos menos informatizados, e a correção faz-se com prova documental.
Outro caso que tem estado no centro da atenção é o Serviço Militar Obrigatório: o Governo anunciou que já é possível pedir online, de forma antecipada, a revisão da carreira contributiva para incluir esse tempo, mas este pedido antecipado tem condições e não se aplica a todos. Em particular, a informação pública disponível indica que o acesso ao pedido online antecipado é para cidadãos que não sejam requerentes de pensão nem já pensionistas (entre outros critérios). Vários guias e notícias explicam que esta inclusão é relevante para não “perder” tempo de carreira quando chegar o pedido de pensão.
Há ainda processos mais “cinzentos”, como as pensões unificadas (carreiras divididas entre Segurança Social e CGA, por exemplo). A Provedoria de Justiça tem contestado práticas que, no seu entendimento, podem limitar injustamente o acesso e o valor destas pensões, o que torna este tema especialmente sensível para quem tem carreiras mistas.
O que pedir e como preparar o processo da pensão em 2026
Para quem vai reformar-se em 2026, o caminho mais prudente é: consultar a carreira contributiva, identificar falhas, e usar o pedido de revisão de carreira dentro da janela indicada (os tais 180 dias), anexando documentos que comprovem os períodos e/ou valores em causa. A orientação divulgada indica que o pedido exige a identificação dos períodos com incorreções, uma breve descrição e a anexação de prova.
Se já é pensionista e suspeita de erro no apuramento, a via prática passa por pedir esclarecimentos e registar o contacto/pedido pelos canais de atendimento. A Segurança Social disponibiliza contactos e canais (incluindo digitais) para acompanhar pedidos e obter resposta.
Outra opção usada por muitos cidadãos é o balcão digital e-Clic, referido no portal gov.pt como um canal onde é possível criar pedidos para esclarecimentos e reclamações relacionadas com a Segurança Social.
Feitas as contas, o “segredo” para a pensão em 2026 não está em adivinhar aumentos, mas em garantir que a sua carreira contributiva está completa e correta antes de fechar o pedido de reforma, e, se necessário, em agir rapidamente quando deteta um erro, porque os prazos e meios de reação costumam vir identificados na notificação da decisão.
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