Com a chegada do bom tempo, aumenta também o interesse por refeições frescas e pratos de peixe, sobretudo em regiões costeiras. No entanto, há um peixe que tem dado que falar, não pela sua frescura, mas pelos efeitos curiosos que pode causar em quem a consome.
Uma espécie com efeitos inesperados
Trata-se da salema, um peixe que habita o mar Mediterrâneo e parte da costa africana, conhecido por provocar episódios de alucinações visuais e auditivas em seres humanos, segundo aponta O Globo. Estes efeitos ocorrem sobretudo após a ingestão de exemplares que tenham acumulado toxinas provenientes da sua alimentação.
Características que não denunciam o perigo
De nome científico Sarpa salpa, este peixe distingue-se por apresentar faixas douradas ao longo do corpo prateado e olhos amarelados. O que o torna peculiar, porém, não é a sua aparência, mas a capacidade de causar alterações neurológicas temporárias em quem o consome.
Segundo o Aquário de Barcelona, a salema é a única espécie conhecida que se alimenta da alga Caulerpa taxifolia, apelidada de “alga assassina”. Esta planta marinha contém uma toxina chamada caulerpina, que é normalmente evitada por outros animais marinhos.
Da alga para o corpo humano
Ao consumir esta alga, o organismo do peixe processa a toxina, que se transforma em neurotoxinas. Estas substâncias acumulam-se no corpo da salema e, quando ingeridas por humanos, podem provocar uma série de sintomas insólitos, como visões distorcidas, febres e sonhos vívidos.
Uma prática que já vem de longe
A mesma fonte refere que relatos históricos sugerem que, ainda no tempo do Império Romano, havia conhecimento das propriedades alucinogénias deste peixe. Estudos científicos apontam que os órgãos internos e a cabeça do animal são as zonas mais propensas a conter estas toxinas.
A gastronomia ignora os avisos
Apesar dos riscos, a salema é ainda consumida em algumas zonas de França. O seu potencial alucinogénio depende de vários factores, como a dieta recente do animal e a forma como é preparado antes do consumo.
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Efeitos variam de pessoa para pessoa
A gravidade dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, os efeitos limitam-se a ligeiras perturbações digestivas. No entanto, há registos de episódios mais intensos que duram até 36 horas, com visões e sons irreais.
Estudo revela caso impressionante
Segundo a mesma fonte, um estudo publicado na revista Clinical Toxicology descreve o caso de um homem de 40 anos que sofreu visões auditivas e psicadélicas prolongadas após comer salema. O episódio durou um dia e meio e levou-o a procurar ajuda médica.
Outro incidente, datado de 1982, envolveu uma família que ingeriu pargos grelhados sem retirar os órgãos internos. O grupo experienciou sonhos agitados e visões agressivas durante mais de 10 horas, o que levou à investigação do fenómeno.
Já em 2002, um idoso de 90 anos, em Saint-Tropez, cozinhou uma salema durante várias horas. Após a refeição, relatou ter sido atormentado por “animais alados com gritos” e por pesadelos persistentes ao longo de várias semanas.
Cardumes bem organizados
A salema é uma espécie gregária, formando cardumes que se deslocam de forma sincronizada. Este comportamento, para além de facilitar a reprodução, é também um mecanismo de defesa contra predadores.
A época de desova deste peixe ocorre geralmente entre o início da primavera e o final do outono. Durante este período, o risco de ingestão de toxinas poderá aumentar, dependendo da abundância de algas tóxicas na zona onde o peixe se alimenta.
Precaução é a palavra de ordem
Embora a salema seja considerada segura em muitos casos, a mesma fonte refere que especialistas recomendam precaução, especialmente no que diz respeito ao consumo dos órgãos internos. Nem todos os exemplares são perigosos, mas os efeitos podem ser difíceis de prever.
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