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Foto D.R.
Cultura, Edição Papel, Opinião

Portugal, uma retrospectiva: 2022-1910, com direcção de Rui Tavares | Por Paulo Serra

LETRAS & LEITURAS: Artigo de Paulo Serra publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de fevereiro

08:00 3 Fevereiro, 2023 08:37 2 Fevereiro, 2023 | POSTAL
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Paulo Serra, doutorado em Literatura na UAlg
e Investigador do Centro de Investigação
em Artes e Comunicação (CIAC)

Portugal, uma retrospectiva: 2022-1910, com direcção de Rui Tavares, surge agora publicado pela Tinta da China em 4 volumes. Originalmente editados em 2019 pela Tinta da China e pelo Público, com apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos e coordenação de Rui Tavares, os 25 fascículos assinados por meia centena de historiadores e outros especialistas, portugueses e não só, cobrem cerca de 2500 anos da história de Portugal nas suas relações com o mundo. Agora reunidos em quatro volumes independentes, cada volume reúne vários anos cruciais da história portuguesa, e cada ano responde a um núcleo central de questões.

O leitor pode assim optar entre adquirir um destes quatro volumes (ou o conjunto) que abrange um século de história, contado em retrospectiva, através dos anos cruciais que ditam esse período, ou pode escolher adquirir apenas um dos vários fascículos que compreende um único ano, o que significa uma publicação de cerca de 100 páginas.  

«As histórias de Portugal têm sido todas contadas da mesma maneira: de trás para a frente, a partir de uma ideia de nacionalidade que se supõe mais ou menos fixa desde o século XII, e com o esforço e a imaginação do historiador completando as lacunas. Portugal, Uma Retrospectiva vira estes pressupostos às avessas. Em vez de tentar encontrar um início para a história, começamos a partir de onde estamos — no presente — e vamos procurar o que sabemos e ignoramos de nós num passado cada vez mais distante.»

Esta ideia inovadora e irreverente de contar a história às avessas pode ainda implicar um interesse acrescido para os leitores de gerações mais jovens que melhor se identificam com os tempos aqui retratados, e que podem depois querer perceber o que subjaz no substrato do presente histórico para melhor compreender as bases do devir destes últimos tempos.

Todos somos produto do passado

Como se pode ler a certa altura nesta magnífica e incontornável obra, “O passado é forte. Todos somos inescapavelmente produto dele. Tentar entender de que forma o somos é talvez a melhor maneira de ele não sobredeterminar o nosso futuro – e talvez uma obra coletiva como esta possa dar alguma ajuda.” (p. 120)

Esta passagem permite relembrar, especialmente aos mais jovens, que não somos folhas em branco, que não nascemos de geração espontânea, mas sim com uma herança cultural e histórica. É também nesta perspectiva que uma história de Portugal em retrospectiva, onde, mesmo falando do presente, se consegue tecer ligações ao passado aqui e ali, encontrando afinidades e antecedentes, ganha ainda maior importância e relevo científico.

Os quatro volumes são assinados por meia centena de historiadores e outros especialistas, portugueses e não só

O primeiro volume desta série – que aqui abordamos no seu conjunto, ao longo dos meses seguintes – compreende um Prólogo, inédito, de 2020 a 2022, assinado por Rui Tavares, que é também autor do primeiro capítulo dedicado ao ano de 2019. Seguem-se depois os capítulos dedicados a alguns anos cruciais do século XX: 1998 — José Neves; 1974 — Ricardo Noronha, Luís Trindade; 1961 — Pedro Aires Oliveira, António Tomás; 1936 — Luís Nuno Rodrigues; 1910 — Maria Alice Samara.

O primeiro problema começa com o ano de 2019, ano escolhido para se iniciar esta História. Ainda o segundo trimestre não terminara, quando a obra foi lançada ao público – de modo a que até dezembro todos os fascículos fossem publicados, recuando assim até ao ano de 500 a.C. – e logo no primeiro dia do terceiro trimestre, morre o mestre de muitos dos autores que assinam este trabalho: o historiador António M. Hespanha. Comparado com o referendo do Brexit ou a eleição de Trump em 2016, e a eleição de Bolsonaro em 2018, 2019 pareceu um ano pacífico; não fosse aquilo que discretamente começou a fervilhar nos confins do continente asiático. No último dia do ano de 2019, a Comissão Municipal de Saúde da cidade de Wuhan, na China, comunica oficialmente a ocorrência de um surto de uma pneumonia de causas desconhecidas nessa cidade. Os primeiros casos conhecidos dessa nova doença reportar-se-iam aos primeiros dias do mês de dezembro de 2019, razão pela qual, quando declarada como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde, a designação que lhe foi atribuída foi a de COVID 19.

O ano que virou o mundo do avesso

Afirma Rui Tavares no seu Prólogo, em que faz um balanço de 2020 (e em parte do final de 2019) até 2022, que logo no primeiro trimestre de 2020, se percebeu que aquele não iria ser um ano igual aos outros. Podemos ler, mais à frente, que se diria mesmo que aquele viria “a ser unanimemente considerado como «o nosso último ano normal»” (p. 14). Isto naturalmente por causa da COVID 19, que em pouco tempo começou a suscitar comparações com algumas das pandemias mais conhecidas do passado. A Gripe Pneumónica de 1917‑1919, a Peste Negra medieval (por acaso com origem na mesma província de Hubei onde foram detectados os primeiros casos de COVID 19).

“Por essas razões, há um antes e um depois do ano de 2020, aquele em que a pandemia virou o mundo do avesso. Mas não ficámos por aí. Uma criança que tenha nascido no ano de 2019 já passou, em meros três anos de vida, por uma das maiores pandemias da história da humanidade, uma crise energética global e uma guerra de grande escala no continente europeu.” (p. 13)

É também através da perspectiva histórica colectiva que aqui se intenta, de olhar a partir do presente para trás, que se compreende como certos eventos históricos podem ser esperados, cumprindo uma regularidade histórica, como é o caso da atual guerra: “Afinal, em todos os séculos anteriores, por esta altura, a Europa já se encontrava numa guerra de grande escala: em 1914 com a Grande Guerra, até 1815 com as guerras napoleónicas, até 1713 com a Guerra da Sucessão Espanhola, a partir de 1618 com a Guerra dos 30 anos, e por aí afora, avançando pelo passado atrás” (p. 36).

Avançar recuando

Nos anos seguintes, a que correspondem, portanto, capítulos autónomos, avançamos, recuando, até 1998 – esse foi o Ano da Expo, em que Portugal se autocelebrou, antes da introdução, e vivia uma globalização feliz.

Em 1974, aborda-se o ano da Revolução Democrática e o Fim do Ciclo Imperial. Os anos de 1974 e 1975 são narrados e analisados na sua profusão de acontecimentos e de sentidos. Ainda que não se soubesse o desfecho da história, os sujeitos históricos do Portugal de 1974 (e 1975) sabiam que se estavam a encerrar um ciclo ditatorial que tinha durado mais de 40 anos e um ciclo imperial que durara mais de 400.

No ano de 1961, compreende-se a Guerra Colonial, as Revoltas Estudantis e a Ditadura, para só assim se poder compreender de onde nasceu o Portugal da Revolução dos Cravos.

No capítulo referente a 1936, explora-se o Estado Novo, com a subida ao poder de Salazar, em 1932, e o nascimento oficial do Estado Novo com a Constituição de 1933. O ano de 1936 demarcado pela tomada de uma série de medidas importantes por parte do regime, como o reforço da polícia política e da censura, a criação da Mocidade Portuguesa e da Legião Portuguesa, e o estreitamento dos laços com o fascismo italiano e o nazismo alemão. A Guerra Civil de Espanha seria igualmente decisiva para o Estado Novo português. Mas, em 1936, ela estava apenas a começar.

Em 1910, extingue-se uma monarquia com quase 8 séculos e nasce a República Portuguesa, um dos raros regimes deste género na Europa da altura, que, aliás, não o sabendo ainda, se aproximava rapidamente da Primeira Guerra Mundial.

Rui Tavares (Lisboa, 1972) é licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa, com mestrado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e doutoramento pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Autor de vários livros, entre os quais o Pequeno Livro do Grande Terramoto — prémio RTP/Público de melhor ensaio de 2005 — e O Censor Iluminado — premiado pela Academia da História Portuguesa como melhor livro de história de Portugal em 2019. Actualmente é professor associado convidado na Universidade Nova de Lisboa, foi investigador visitante na Universidade de Nova Iorque (2016) e no Instituto Universitário Europeu de Florença (2018), bem como professor visitante na Brown University (2018) e na Universidade de Massachusetts (2020). É autor do programa televisivo de divulgação histórica Memória Fotográfica (RTP, 2018) e do podcast de história Agora, agora e mais agora (Público, 2020).

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