Com o aumento do custo de vida e pensões cada vez mais curtas, muitos reformados em Espanha voltam a trabalhar para garantir o essencial. Um deles é David, um canalizador reformado de 75 anos, que partilhou a sua história no programa “La Linterna”, da rádio COPE. “A minha pensão são 500 euros e a da minha mulher 1000”, contou, num testemunho que reacendeu o debate sobre as dificuldades dos trabalhadores independentes.
O aumento das contribuições dos trabalhadores independentes tem dominado o debate público em Espanha. A proposta inicial da Segurança Social previa uma subida mensal entre 17 e 206 euros, mas após várias críticas, o Governo recuou.
A ministra da Inclusão, Segurança Social e Migrações, Elma Saiz, anunciou que o acréscimo máximo seria de 14,75 euros mensais, dependendo dos rendimentos e da situação de cada contribuinte, segundo o jornal digital Noticias Trabajo.
Vida depois da reforma
David, canalizador reformado de 75 anos, é um dos muitos exemplos que ilustram a fragilidade económica de quem trabalhou por conta própria. Em declarações ao programa “La Linterna”, da rádio COPE, contou que a sua estabilidade financeira só foi possível graças a anos de poupança e investimento. “A minha mulher e eu trabalhámos toda a vida. Ela tem uma pensão de mil euros e eu de quinhentos. Se não tivéssemos investido, seria impossível viver com isso”, afirmou.
Começou a trabalhar por conta própria aos 24 anos e, mesmo depois de reformado, continua ativo. Explica que o rendimento mensal do casal não chega para cobrir as despesas básicas, e por isso optou por continuar a exercer pequenos trabalhos para complementar as pensões.
Reformados que voltam a trabalhar
O exemplo de David, reformado de 75 anos, mostra como muitos continuam a trabalhar mesmo após se aposentarem. Em Espanha, o regresso ao mercado de trabalho é comum entre aqueles que percebem que o valor das pensões não chega para enfrentar o custo de vida, refere a mesma fonte.
Despesas com habitação, combustível, alimentação e medicamentos tornam-se um peso constante, e o dinheiro disponível muitas vezes não chega até ao fim do mês. É por isso que muitos procuram pequenas tarefas ou atividades paralelas que lhes permitam garantir algum conforto.
O fenómeno não é exclusivo de Espanha. Nos Estados Unidos, por exemplo, há casos mediáticos como o de Vince, de 90 anos, que continua a trabalhar num restaurante de refeições prontas, ou o de Larry, que regressou aos 77 anos ao trabalho a descarregar camiões.
Sentimento de abandono entre os independentes
Inmaculada, proprietária de uma pequena loja de material elétrico em Madrid, também participou no mesmo programa de rádio. Inscrita no Regime Especial de Trabalhadores Independentes, partilhou o sentimento de frustração vivido por muitos empreendedores. “Até que não se livrem dos trabalhadores por conta própria, não vão parar. Isto está cada vez pior”, lamentou, citada pelo Noticias Trabajo.
A realidade portuguesa
Em Portugal, a situação dos trabalhadores independentes e dos reformados com pensões baixas também tem gerado preocupação. Segundo dados da Pordata, cerca de um terço dos pensionistas recebe menos de 500 euros por mês, valor que mal cobre as despesas de habitação e alimentação.
Nos últimos anos, o Governo tem procurado reforçar as pensões mínimas e criar medidas de apoio aos trabalhadores independentes, mas o custo de vida e a inflação continuam a dificultar a vida de quem trabalhou uma vida inteira e agora enfrenta a velhice com rendimentos reduzidos.
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