O ouro tem acompanhado a humanidade desde a Antiguidade, não apenas como símbolo de poder, mas também como reserva de valor e motor de desenvolvimento económico. Usado como moeda, adorno, culto e instrumento de influência geopolítica, este metal precioso moldou impérios e determinou o rumo de grandes expedições.
De acordo com a publicação Unilad Tech, a descoberta de ouro na China pode ter impacto global.
Uma nova jazida de grandes dimensões foi identificada na província de Liaoning, no nordeste do país, com estimativas iniciais a apontarem para uma reserva de cerca de mil toneladas de ouro.
Nova jazida pode alterar panorama global
Segundo a mesma fonte, esta jazida é considerada uma das mais promissoras da última década e surge num momento em que a procura por ouro está em alta, tanto como ativo financeiro como recurso industrial.
A reserva estende-se por mais de três quilómetros na direção leste-oeste e cerca de 2,5 quilómetros de norte a sul.
As autoridades chinesas confirmaram que o avanço de tecnologias aplicadas à prospeção mineral foi determinante para o sucesso desta operação.
O uso de modelos geológicos tridimensionais e sensores de alta precisão tem permitido alcançar profundidades cada vez maiores com níveis acrescidos de eficácia.
China lidera produção mundial, mas quer ir além
Embora a China já lidere a produção mundial de ouro, com uma extração anual estimada em cerca de 380 toneladas, o país procura consolidar a sua posição com novas reservas estratégicas.
Conforme escreve o Unilad Tech, a China continua atrás da África do Sul e da Austrália em termos de reservas oficialmente reconhecidas.
A descoberta em Liaoning, a par de outra revelada recentemente na província de Hunan, poderá alterar esse quadro. Esta última, localizada em Wangu, foi avaliada em cerca de 80 mil milhões de dólares, segundo a mesma fonte.
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Ouro com utilidade para lá do investimento
O ouro continua a ser valorizado como reserva de valor, especialmente em períodos de incerteza económica. No entanto, a sua relevância vai além do investimento financeiro.
O metal é amplamente utilizado em setores como a eletrónica, telecomunicações e tecnologia de ponta, nomeadamente na produção de circuitos integrados e baterias.
A capacidade de explorar reservas internas permitirá à China reduzir a sua dependência de importações e reforçar o controlo sobre cadeias de abastecimento estratégicas, acrescenta a publicação.
Desafios técnicos podem atrasar exploração
Apesar do potencial económico, a exploração comercial das reservas poderá levar anos a concretizar-se. De acordo com geólogos citados pelo World Gold Council, será necessário confirmar a viabilidade económica e ambiental através de estudos adicionais e perfurações complementares.
A profundidade do depósito, estimada em 1.600 metros, representa um desafio logístico significativo, obrigando a um planeamento técnico rigoroso e à implementação de soluções de engenharia adaptadas à complexidade geológica da zona.
Geopolítica e autonomia estratégica em jogo
Com esta nova descoberta, a China poderá reforçar a sua influência geoeconómica num setor onde o controlo dos recursos é cada vez mais determinante.
Em tempos de crescente volatilidade dos mercados internacionais, a capacidade de produzir internamente metais estratégicos pode traduzir-se em vantagem competitiva.
Segundo o Unilad Tech, o ouro continua a ocupar um lugar central na arquitetura financeira global, e novas jazidas como esta podem vir a desempenhar um papel importante na redefinição de equilíbrios económicos.
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