Num setor em constante transformação, onde a inovação e a eficiência ditam o sucesso, até as marcas mais icónicas podem ver o seu trono ameaçado. O mundo automóvel está a assistir a uma disputa feroz pelo domínio dos veículos elétricos, e o alerta mais recente veio de um dos nomes mais respeitados da indústria, que antecipou o fim da Tesla, empresa liderada por Elon Musk.
Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis e um dos gestores portugueses mais influentes do setor, lançou um alerta contundente sobre o futuro da Tesla. Em entrevista à publicação francesa Les Echos, Tavares afirmou que a empresa liderada por Elon Musk pode deixar de existir dentro de uma década, devido à ascensão imparável da fabricante chinesa BYD.
Segundo o antigo dirigente, a Tesla está a ser ultrapassada em eficiência e competitividade, dois fatores que, na sua opinião, determinarão o sucesso a longo prazo na indústria automóvel. “Não tenho certeza se a Tesla ainda existirá em 10 anos. É um grupo inovador, mas será superado pela eficiência da BYD”, declarou Tavares, sublinhando que a avaliação de mercado da Tesla é “estratosférica” e que a sua perda de valor poderá ser “colossal”.
Ascensão da BYD
A rival chinesa BYD tem vindo a conquistar terreno a um ritmo alto, ultrapassando a Tesla nas vendas globais de veículos elétricos no final de 2023. A empresa, apoiada por uma forte cadeia de produção interna e preços mais competitivos, tem conseguido atrair milhões de consumidores em mercados-chave como a China e a Europa.
Os analistas, citados pela mesma fonte, preveem que a BYD continue a sua trajetória ascendente, com vendas projetadas de 5,5 milhões de veículos em 2025 e 6,5 milhões em 2026, consolidando-se como líder mundial em mobilidade elétrica.
Tesla: lucros altos, mas perda de espaço
Apesar de ter registado uma receita de 28 mil milhões de dólares e um aumento de 33% nas entregas na China, a Tesla viu a sua participação de mercado no país cair de 16% em 2020 para cerca de 5% atualmente. A pressão da BYD e de outras marcas locais tem sido determinante nesta quebra.
O próprio Elon Musk reconheceu recentemente a competitividade das marcas chinesas, afirmando que “as marcas chinesas são as mais competitivas do mundo”.
Distração de Musk e os novos focos
Carlos Tavares sugeriu ainda que Elon Musk poderá, em breve, virar a sua atenção para outras áreas que o fascinam, como a inteligência artificial, os robôs humanoides ou a SpaceX. Caso isso aconteça, a Tesla poderá perder o seu maior trunfo, de acordo com a mesma fonte: o foco e a liderança visionária do próprio Musk.
Enquanto isso, a empresa enfrenta desafios adicionais, incluindo as novas tarifas que afetam as cadeias de abastecimento e o fim de alguns incentivos fiscais nos Estados Unidos. Estes fatores aumentam os custos e pressionam as margens de lucro.
Um pacote polémico e o futuro em jogo
A Tesla também está sob escrutínio devido a um pacote salarial de 1 bilião de dólares para Elon Musk, que está a ser debatido entre acionistas e consultoras. Algumas entidades recomendam votar contra, argumentando que o conselho de administração tem dado demasiada liberdade a Musk na definição de metas e recompensas.
Com uma concorrência cada vez mais agressiva e um ambiente global instável, a Tesla enfrenta o desafio mais sério desde a sua fundação.
O aviso que ecoa na indústria
As palavras de Carlos Tavares soam como um alerta não apenas para a Tesla, mas para toda a indústria automóvel ocidental. A capacidade de adaptação, a eficiência produtiva e a gestão equilibrada entre inovação e rentabilidade serão decisivas nos próximos anos, de acordo com a Les Echos. Num mercado onde a tecnologia muda ao ritmo de meses, nem mesmo Elon Musk parece intocável.
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