O livro Haikus de Judas, construído no irreverente estilo de terceto anarcósmico de Cobramor – autor residente no Algarve – será apresentado no próximo sábado, 10 de maio, às 18:00, no BUS – Paragem Cultural, na Rua Maria, n.º 73, em Lisboa. A sessão contará com a apresentação de Patrícia Azevedo da Silva, antropóloga, investigadora, tradutora e escritora.
A obra surge da longa colaboração entre Cobramor e o fotógrafo Miguel Palhinha, traduzida aqui numa dupla exposição visual, com design gráfico de Luís Gregório e texto introdutório de Ricardo Filho de Josefina.

Há muito que se aguardava o nascimento do Haikus de Judas. Talvez desde o final dos anos 90, quando os seus criadores se cruzaram na mítica Kaza Enkantada da Praça de Espanha – centro do único mundo que então lhes interessava. Um concerto de uma banda já esquecida terá marcado o início desta cumplicidade criativa.
Desde então, colaboraram frequentemente: entre jantares solidários, ka7s piratas, concertos ou até uma okupa a cinco andares no Saldanha, a energia comum foi crescendo.

Segundo refere o comunicado de apresentação da obra, “trinta anos depois, tudo mudou (ou quase tudo), mas a vontade de fazer coisas e principalmente de fazer coisas em conjunto, perdura. Haiku de Judas podia ser uma coletânea das suas vivências partilhadas, mas não é. Brota daí, envolto no saudosismo punk que os marcará para sempre, mas é uma consequência”.
“Haikus, mas de Judas. Como a expressão. Como a banda onde militavam o Almendra e o Ribas. Podem Haikus ser punk? O que interessa? Chamemos-lhes tercetos. Cobramor e Miguel estão-se nas tintas para as regrinhas e os preceitos, para o fazer bonito e perfeito. Faz tu mesmo. 3 acordes, 3 palavras, 3 cores primárias, 3 beijos antes de partir. 3 é a conta que deus fez e esse é o problema, não é? Ter um deus que faz contas. Devia ser anarcósmico e não um matemático”, acrescenta a nota enviada às redações

Esta obra é mais do que um livro: é um manifesto visual e poético de dois criadores que recusam fórmulas e abraçam o espírito do “faz tu mesmo”, com alma punk e uma estética singular. Haiku de Judas é o nono título das Publicações NABO, de Cobramor.
Sobre Cobramor
Autor de Haiku de Judas (Nabo, 2025), A Boca Cheia de Cadáveres (Traça, 2024), Sutra do Deserto (Traça 2023), Sol Invicto (Traça, 2022), O Fim da Noite (Nabo, 2016) e o infantil Atlas do Coração (Toth,2023). Tradutor de nomes como Patti Smith, Ernest Hemingway, Gary Snyder, Kae Tempest e William Carlos Williams, editor na Traça Edições de Se Eu Tiver De Morrer – Poesia de Resistência Palestiniana, de Escuta Quântica de Pauline Oliveros ou de Vítor Belanciano e Rafaela Jacinto, entre outros.sedicioso cultural e investigador sónico.Vencedor do Lisboa à Letra 2004 e menção honrosa Casa da Imprensa 2006. Colunista e comentador social e cultural no Público e Bandcamp, entre outras. Criador do Oxímoro, Festival de Literatura Independente do Algarve e do Clube dos Poetas Tortos. Actua num projecto de spoken drone punk onde junta música exploratória improvisada e spoken word. Licenciado em sociologia, trabalha também como copywriter publicitário criativo desde 2010, paralelamente à actividade literária.
Sobre Miguel Palhinha
Trabalhou em televisão/cinema/publicidade entre 2006 e 2022, fundou as Publicações NABO, juntamente com Ricardo Filho de Josefina, tendo publicado aí, três livros com fotografias analógicas, Carlitos (NABO 01), Os Vikings Também Pescam (NABO 02) e Gorda Junto ao Mar (NABO 04).
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