O pai de Janete Serrano voltou a entrar esta sexta-feira de maca para o corredor sobrelotado das urgências do Hospital de Faro, vinte e quatro horas após ter recebido alta, convencido que o diagnóstico era de “tumor benigno no cérebro”. Mas afinal, e segundo o diagnóstico do médico Duarte Salgado do IPO de Lisboa a pedido da filha, o homem não tinha um tumor benigno quando lhe deram alta, mas sim um dos tumores “mais letais que é possível ter”.
A “má notícia” do resultado histológico, da cirurgia para biópsia a que se tinha submetido o pai, no passado dia 13 de abril, acabou por ser confirmada à filha, através de um telefonema de uma médica do Hospital de Faro, cerca de 30 minutos depois do POSTAL ter ontem publicado a notícia.
Coincidência ou não, o resultado do exame da biópsia efetuado 15 dias antes, foi dado a conhecer no final do dia de ontem, por volta das 19:30, alguns minutos após o POSTAL ter publicado a notícia [precisamente às 18:59] com a indignação da filha, que soube que o tumor era maligno e não benigno através de um médico do IPO de Lisboa.
A médica do CHUA comunicou tratar-se de um linfoma no sistema nervoso central, mas como o departamento de oncologia do Hospital de Faro não possui o serviço de hematologia, a médica informou que o pai de Janete “terá que ser operado com urgência em Lisboa ou no Porto”. Até lá, terá que ficar internado no Hospital de Faro aguardando a data para ser transferido.
Umas horas antes da confirmação do CHUA, Janete Serrano tinha justificado nas redes sociais que “como o hospital de Faro não me dava respostas, enviei todos os relatórios que tinha do meu pai para o doutor Duarte Salgado do IPO de Lisboa. Se há coisa que pedi quando o meu pai deu entrada no hospital é para me dizerem sempre a verdade. O doutor, depois de ver os relatórios enviados confirmou-me que o meu pai tem um dos piores tumores que se pode ter no cérebro e que não há muito a fazer” lamentava a filha.
Contactada ontem pelo POSTAL, Janete, indignada com a ocultação de informação relevante sobre o estado de saúde do pai, lamentava e temia porque “a próxima consulta que temos agendada foi sendo adiada e adiada até que ficou para dia 1 de junho. Eu acho que ainda vou sozinha a essa consulta, pode já ser tarde demais para o meu pai.”
“Vou tentar aproveitar cada dia. Fico revoltada porque eu aguento uma verdade que doa muito, mas não aguento ocultarem-me a verdade. A família estava com esperança e depois vem uma bomba destas. O meu pai está agora internado novamente no hospital de Faro”, contou Janete ao POSTAL.
“O meu pai ontem [quinta-feira] falava, andava pelo próprio pé, depois de ter sido dada alta hospitalar, hoje [sexta-feira] está igual ao que estava quando foi internado no início do mês: não fala nem anda”.
Janete diz não entender “o porquê do hospital de Faro não me dizer a verdade. O doutor [Duarte Salgado] revelou-me que o que mantinha o meu pai ’em pé’ era a dose de cortisona e para nós [família] aproveitarmos o máximo de tempo possível com ele. Desejou-nos muita força e muita coragem”.
De recordar, que o POSTAL segue este caso desde o início. O homem deu entrada na urgência do hospital de Faro, no início deste mês, pelo próprio pé, com uma perna e braço afetados. Foi revelado à filha Janete Serrano que o tumor era benigno. Já nessa altura a filha temia: “se isto se arrastar por mais tempo, o meu pai das duas uma: ou não ‘resiste’ ou vai ficar acamado. Quando isso acontecer de quem é a culpa?”