Todos os edifícios têm uma história e a estação ferroviária que é frequentemente referida como a “mais bonita de Portugal” e “uma das mais belas da Europa” não foge à regra. Localizada em pleno centro histórico de uma das principais cidades portuguesas, esta estação é muito mais do que um simples terminal de comboios, sendo também um ícone turístico e cultural da cidade onde se encontra.
Um dos terminais mais movimentados de Portugal
Escreve a Forever Young, que “o incrível terminal de comboios de São Bento está localizado no Porto e é um dos mais movimentados de Portugal. Com mais de um século de história, os seus azulejos fazem dele um dos mais belos de toda a Europa”. Todos os anos, milhares de visitantes atravessam o seu átrio, muitos deles apenas para admirar a sua impressionante decoração.
O elemento mais distintivo da Estação de São Bento é, sem dúvida, o conjunto de mais de 22 mil azulejos pintados à mão, que revestem o átrio principal. Estas peças de arte ocupam cerca de 550 metros quadrados e foram concebidas para ilustrar episódios históricos e cenas tradicionais portuguesas.
Azulejos mais antigos que o edifício
Curiosamente, os painéis de azulejos começaram a ser instalados em 1905, sendo, por isso, mais antigos do que o próprio edifício que hoje conhecemos. A autoria é de Jorge Colaço, um dos mais importantes artistas de azulejaria portuguesa do início do século XX.
Antes de se transformar em estação ferroviária, o local era ocupado pelo Convento de São Bento de Avé Maria. Após um incêndio que destruiu parte do convento, ficou decidido dar uma nova utilidade ao espaço, aproveitando a sua localização estratégica dentro da cidade.
As obras de construção da estação começaram em 1903, sob o traço do arquiteto José Marques da Silva, e a inauguração oficial deu-se em 1916. Ainda assim, o primeiro comboio a atravessar São Bento passou alguns anos antes, num contexto de fase experimental.
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Influências francesas e alma portuguesa
A arquitetura do edifício reflete influências francesas, havendo quem compare a sua grandiosidade à da Ópera de Paris. Contudo, a alma do espaço mantém-se profundamente enraizada na tradição portuguesa, visível tanto no uso do granito como na temática nacionalista dos azulejos.
Os painéis de Jorge Colaço narram episódios como a conquista de Ceuta, a entrada de D. João I no Porto ou a vida quotidiana no campo, tudo em tons de azul e branco. “São mais antigas que o próprio edifício, pois começaram a ser construídas em 1905”, realça a mesma publicação.
Um novo espaço: Time Out Market Porto
Em maio de 2024, a Estação de São Bento ganhou nova vida com a inauguração do Time Out Market Porto na ala sul. Este espaço moderno, projetado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura, integra restaurantes, bares, lojas e uma sala de provas, numa renovação que respeitou o espírito original do edifício.
“Está cada vez mais incrível”, afirmou uma visitante em declarações ao Jornal de Notícias, refletindo a opinião de muitos que veem na estação um exemplo de reabilitação de património histórico aliado à modernidade.
Obras de conservação e manutenção
A estação sofreu também intervenções de conservação em 2020, que incluíram a recuperação do teto do átrio, a modernização do sistema de iluminação e a instalação de medidas para proteção contra pombos, preservando assim a integridade do espaço para as futuras gerações.
O relógio de São Bento também recebeu atenção
O famoso relógio da estação, ponto de referência para quem embarca e desembarca, também foi alvo de restauro, garantindo que os passageiros possam continuar a confiar nas suas horas para apanhar os comboios em direção a destinos, como Guimarães, Braga ou Viana do Castelo.
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