Nos últimos quinze dias, cinco voos da TAP registaram episódios de “fumes”, ou seja, a presença de gases com cheiros intensos a bordo. A situação voltou a lançar preocupação entre tripulantes e passageiros. A transportadora aérea portuguesa confirma os incidentes, embora procure minimizar o seu impacto. Ainda assim, os casos têm ocorrido com frequência crescente.
Voo para Londres cancelado devido a incidente
Recentemente, um voo com destino a Londres foi impedido de descolar do aeroporto de Lisboa. Os passageiros foram retirados da aeronave e a tripulação encaminhada para a Unidade de Cuidados de Saúde da TAP. A medida foi tomada após a deteção de cheiros fortes no interior do avião. O incidente obrigou à suspensão do voo por precaução.
Tripulação assistida após voo de Paris
Dias antes, outro voo, proveniente de Paris com destino a Lisboa, registou um episódio semelhante. A tripulação foi sujeita a vigilância médica devido à exposição aos gases detetados a bordo. Esclarece a SIC Notícias que os sintomas incluíam náuseas e dores de cabeça. A situação foi posteriormente comunicada à companhia aérea.
Durante o mês de abril foram reportadas mais três ocorrências com características semelhantes. Em todos os casos, os cheiros a bordo foram suficientemente intensos para gerar desconforto. Os tripulantes foram sempre avaliados após o voo, por precaução. A TAP confirmou que estas situações estão sob acompanhamento interno.
No mês passado, a TAP reconheceu, numa entrevista à Investigação SIC, que os episódios de cheiros intensos “não são novos”. “Admitimos a existência de dezenas de casos, mas não há motivo para alarme”, declarou fonte da companhia. A transportadora afirmou ainda que está a monitorizar a situação. No entanto, os casos continuam a ocorrer.
TAP garante estar a aplicar medidas
Apesar da repetição dos episódios, a TAP garante que já foram iniciadas mudanças técnicas e operacionais. A empresa procura “minimizar riscos” e “reforçar os procedimentos de segurança a bordo”. As medidas em curso incluem revisões técnicas mais frequentes. Ainda assim, os detalhes sobre as ações implementadas não foram totalmente divulgados.
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Testemunhos apontam para efeitos na saúde
A SIC recolheu depoimentos de tripulantes que relataram efeitos físicos após a exposição aos cheiros. Alguns referem perda de equilíbrio, dores de cabeça persistentes e dificuldades respiratórias. Os relatos apontam para possíveis ligações entre os “fumes” e problemas de saúde. A situação gerou preocupação junto de sindicatos do setor.
Como surgem os gases dentro da aeronave
Os gases entram nas cabines através do sistema de ar condicionado, alimentado por ar comprimido das turbinas. Quando o óleo ou outras substâncias se infiltram nesse sistema podem libertar micropartículas nocivas. Este fenómeno técnico é conhecido na aviação como “fume event”. A exposição prolongada pode ter impacto na saúde dos ocupantes.
Problema é conhecido no setor da aviação
Sabe-se ainda que este tipo de incidentes é conhecido e documentado há anos na indústria. Apesar disso, muitos operadores ainda não assumem plenamente o risco associado. A ausência de regulamentação clara dificulta respostas eficazes. Os “fume events” continuam assim a ocorrer com alguma regularidade em várias companhias aéreas.
Face à recorrência dos casos, sindicatos e associações de profissionais pedem mais transparência. Reivindicam também o reforço de medidas de proteção e o acompanhamento médico aos afetados. As autoridades de aviação civil estão a par da situação. De qualquer forma, ainda não foi anunciada qualquer investigação formal por parte da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).
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