Os próximos dias vão trazer uma mudança no estado do tempo em Portugal, mas ainda não será evidente à primeira vista. A atmosfera mantém, por agora, um comportamento relativamente estável graças a uma área anticiclónica que continua posicionada a oeste do território.
No entanto, essa estabilidade tem os dias contados. Só depois do fim de semana é que se começará a perceber o que está para chegar, quando os primeiros efeitos das ondulações do jato polar começarem a influenciar o país. De acordo com a Meteored, plataforma especializada em meteorologia, estas ondulações vão prolongar a instabilidade durante cerca de dez dias.
A transição deverá ser gradual, mas visível. Segundo a mesma fonte, a primeira alteração relevante ocorrerá com a chegada de um sistema frontal que quebrará a monotonia atmosférica. A partir desse momento, a sucessão de frentes atlânticas tornará mais frequente a ocorrência de chuva e períodos de vento intenso, sobretudo nas regiões que tradicionalmente sentem mais cedo a influência da circulação atlântica.
Ondulações sucessivas criam cenário de instabilidade prolongada
A configuração prevista pelos modelos europeu e americano aponta para um jato polar mais curvado do que o habitual, permitindo que vários vales depressionários atinjam a Península Ibérica. Estas ondulações atuarão como canais de instabilidade, transportando precipitação irregular e pequenas descidas de temperatura ao longo da primeira quinzena de dezembro.
Apesar das mudanças, não se prevê uma entrada significativa de ar frio. A queda de neve poderá ocorrer, mas restrita às cotas mais elevadas do extremo norte e da Serra da Estrela durante as fases mais marcadas destes vales.
A distribuição da precipitação será desigual. As regiões Norte e Centro, em especial o Noroeste e as áreas a oeste da Barreira de Condensação, deverão concentrar os acumulados mais expressivos. Contudo, alguns episódios poderão avançar mais para sul, ultrapassando a linha Montejunto Estrela e provocando chuva em pontos isolados do interior e das regiões meridionais.
Madeira e Açores: comportamentos distintos
Nos arquipélagos, a evolução meteorológica será diferente. Na Madeira, a presença prolongada de altas pressões limitará a precipitação, embora a vertente norte e as zonas montanhosas possam registar episódios de chuva mais intensa. Nos Açores, o tempo será mais variável, alternando entre frentes atlânticas e períodos de maior estabilidade.
Temperaturas acima da média no arranque de dezembro
Apesar da instabilidade anunciada, o início do inverno climatológico não deverá trazer frio intenso. Segundo a mesma fonte, as regiões Norte e Centro-norte deverão registar anomalias térmicas positivas entre 1 e 3 graus, fruto do fluxo atlântico ameno que domina este período. No restante território, incluindo Madeira e Açores, as anomalias deverão rondar 1 grau, sem alterações relevantes no Algarve.
A tendência associada à fase positiva da Oscilação do Atlântico Norte deverá manter-se até 8 ou 10 de dezembro. A partir desse momento, a incerteza aumenta, com os modelos a apresentarem projeções divergentes quanto à evolução das ondulações do jato polar.
Mesmo assim, a Meteored antecipa a continuação de alguma instabilidade, embora a sua intensidade dependa da dinâmica atmosférica das próximas semanas.
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