Enquanto o Reino Unido continua a discutir a semana de trabalho de quatro dias, há quem já tenha encontrado o equilíbrio perfeito, e não foi em casa. Cada vez mais britânicos estão a fazer as malas e a mudar-se para os Países Baixos, em busca de um estilo de vida que combina trabalho, liberdade e tempo para viver.
O fenómeno tem vindo a crescer nos últimos anos e está a chamar a atenção da imprensa britânica. Segundo o jornal britânico Daily Mail, os expatriados descrevem a mudança como uma “lufada de ar fresco”, onde o emprego não consome a vida pessoal e o tempo com a família é verdadeiramente valorizado.
Menos horas, mais liberdade
Nos Países Baixos, a cultura laboral é profundamente diferente. As empresas privilegiam horários curtos e flexíveis, apostando na produtividade sem exigir presença constante. A filosofia é simples: trabalhar menos pode significar trabalhar melhor.
Enquanto o Reino Unido debate se deve adotar a semana de quatro dias, a Holanda já pratica, em muitos setores, uma forma de trabalho que permite sair mais cedo, descansar mais e ainda assim atingir as metas. Para muitos britânicos, isso foi suficiente para dar o salto.
Um dos entrevistados explicou ao Daily Mail: “Aqui todos trabalhamos com seriedade, mas ninguém vive para o trabalho. Se tratas as pessoas como adultos, recebes adultos.” Essa mentalidade de confiança e autonomia é uma das chaves do sucesso do modelo holandês.
Um país onde o tempo pessoal é lei
Ao contrário da cultura de longas horas típica do Reino Unido, nos Países Baixos a regra é clara: a vida pessoal vem primeiro. O tempo em família é tão importante que há empresas que medem o equilíbrio entre o tempo profissional e o tempo livre, e incentivam os colaboradores a reduzir o trabalho se necessário.
Essa política não só melhora o bem-estar dos trabalhadores, como também atrai estrangeiros à procura de um novo começo. Muitos britânicos confessam que só perceberam o quanto estavam sobrecarregados quando se mudaram e começaram a viver com outro ritmo.
Jennie Mono, uma escocesa que se mudou para Amesterdão em 2007, é um exemplo disso. Em entrevista ao DutchNews, contou que trocou o Reino Unido por um cargo melhor e acabou por ficar. “Adoro a minha vida aqui”, confessa, “mas não me imagino reformada nos Países Baixos, porque nunca dominarei o holandês o suficiente.”
Uma rotina mais humana
Apesar das diferenças culturais, os britânicos dizem que o país os acolheu com naturalidade. A simpatia, a segurança e a organização das cidades fazem com que o dia a dia seja mais leve e previsível. “Aqui sinto que o sistema foi feito para as pessoas, não o contrário”, resume um dos expatriados.
Ainda assim, reconhecem que nem tudo é perfeito. O custo de vida em Amesterdão é elevado e a barreira linguística pode ser um desafio. Mas, mesmo assim, poucos se arrependem da decisão. “Quando vejo os meus amigos stressados em Londres, percebo que tomei a decisão certa”, acrescenta outro entrevistado.
O contraste com a realidade britânica é evidente. Lá, o debate sobre a semana de quatro dias arrasta-se entre governos e empresas, sem consenso à vista. Na Holanda, a prática foi ganhando espaço naturalmente, com resultados positivos em produtividade e satisfação.
Uma mudança que inspira outros países
O exemplo holandês começa a inspirar trabalhadores noutras partes da Europa. A ideia de que “menos pode ser mais” ganha força, especialmente entre gerações mais jovens que valorizam o tempo livre tanto quanto o sucesso profissional.
Para os britânicos que se aventuraram a mudar de país, o balanço é claro: trocaram o excesso de horas por uma rotina mais equilibrada, sem abdicar da ambição. “Aqui trabalho menos, vivo mais e sinto-me melhor. Foi a melhor decisão que tomei”, conclui um deles, em declarações citadas pelo Daily Mail.
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