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Foto D.R.
Cultura, Edição Papel, Opinião

A “Crónica da conquista do Algarve” e a actualidade dos textos fundadores

ESPAÇO AGECAL: Artigo de Jorge Queiroz publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de abril.

15:00 8 Abril, 2022 10:31 7 Abril, 2022 | POSTAL
Jorge Queiroz Sociólogo, sócio da AGECAL

 “Quando o Mestre Dom Payo Correa ouve gãhadas estas villas e lugares no Algarve que erão da Conquista de ElRey de Castella cuidou ElRey Dom Affonso que era bem de mandar pedir aquella terra a seo sogro que lha desse por conquista e então enviou la a Raynha sua Molher e ella foi a Tolledo…”

 In “Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros”

O Al Andalus é hoje reconhecido pela sua importância para o Renascimento europeu. Recentemente, um dos maiores prémios da União Europeia para as ciências sociais e humanas foi atribuído ao estudo da influência do Corão na vida cultural europeia, a análise de elementos que nos permitem a compreensão das identidades nacionais como processos evolutivos.

As interpretações dos textos fundadores do cristianismo e islamismo têm hoje formulações alteradas, descontextualizadas, sectárias e nalguns casos mesmo radicalizadas.

Entre os séculos XII e XV no mundo cristão, foram elaboradas crónicas justificativas das cruzadas e da ocupação de territórios sob domínio muçulmano. O epílogo político-militar deste processo histórico na Península ocorreu em 1492 com a queda do Reino nazari de Granada, com a expulsão dos judeus nos Séc. XV e XVI, também de milhares de “mouriscos” no século XVII.

No período da formação de Portugal, a poesia trovadoresca e dos jograis era a mais popular, precedia a prosa erudita escrita em latim pelo clero, teólogos e juristas. O testamento de D. Afonso II datado de 1241 foi o primeiro texto em prosa escrito em português.

O incremento de traduções anteriores ao século XIII, bem como a afirmação da língua procuraram legitimar os novos poderes. Assim, a “Crónica do Mouro Rasis”, de Ahmad Al-Razi (887-955 d.C.), traduzida para português pelo clérigo Gil Peres, terá sido decidida pelo rei D. Dinis, determinada pelos interesses político-culturais do soberano, também ele escritor e poeta.

A “História Geral de Espanha de 1344”, inspirada na de Afonso X de Castela e Leão, é uma tentativa de concretizar uma história ibérica integrando a nova realidade portuguesa. A autoria é atribuída a um filho bastardo de D. Dinis, D. Pedro conde de Barcelos, nela se inclui a formação do Condado Portucalense e as crónicas de todos os reis portugueses até D. Afonso IV.

É neste contexto de afirmação dos novos poderes que surgiu a “Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros”, uma cópia desta foi descoberta em 1788 por Frei Joaquim de Santo Agostinho nos “Tomos Velhos” da Câmara Municipal de Tavira. O traslado foi editado em 2013 pelo Arquivo Municipal de Tavira.

É um texto fundamental para o estudo da História e Cultura do Algarve, pelas características, contexto e objectivos, mas também pelas interrogações que levanta.

O relato da conquista definitiva do Reino do Algarve, um texto breve, anónimo e não datado, terá provavelmente tido origem no século XV ou princípios de XVI numa crónica que descreve os acontecimentos no reinado de D. Afonso III.

No documento surge como figura central Dom Paio Peres Correia, aristocrata português, mestre da Ordem de Santiago entre 1242 e 1275. Alguns medievalistas consideram que terá sido elaborada nos “Scriptoria” desta Ordem fundada em Castela, por esse facto orientada para os desígnios e interesses estratégicos castelhanos, subalternizando o papel da Coroa portuguesa.

Da disputa entre poder régio e as ordens militares, constituídas para o apoio às cruzadas e conquista de territórios aos mouros, resultou a nomeação dos mestres pelos Reis de Portugal.

Fernand Braudel demonstrou que “as civilizações renascem”, os actuais conflitos na Europa e no mundo evidenciam questões com muitos séculos, territoriais e de identidades colectivas, emergem hoje com novas dimensões políticas, económicas, culturais, religiosas e militares.

Na realidade, apesar das distracções virtuais, o passado continua presente.

* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

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