O Município de Silves lamentou publicamente o encerramento da unidade da Corticeira Amorim, localizada em Vale de Lama, no concelho de Silves, cuja atividade industrial de produção de aglomerados de isolamento de cortiça será descontinuada já no próximo mês de junho.
Em comunicado, a autarquia afirma ter recebido a notícia com “tristeza e desolação”, sublinhando que a decisão da empresa se baseia em razões de ordem económica e de mercado, como os problemas de procura, os custos elevados das matérias-primas e a instabilidade tributária internacional.
Segundo o Município, “o contínuo declínio da procura dos aglomerados de isolamento de cortiça, por serem mais onerosos do que outros produtos alternativos existentes no mercado, sem haver indícios de inversão desta tendência nos próximos anos, conjugado com o aumento dos custos da matéria-prima, proveniente dos montados de sobro do Alto Alentejo, e aliado à instabilidade internacional no que respeita à tributação de exportações de produtos nacionais, fez prevalecer a decisão de encerramento baseada, única e exclusivamente, num critério de racionalidade económica e de mercado”.
A Câmara de Silves garantiu ter procurado de imediato esclarecimentos junto da empresa sobre o futuro dos 31 trabalhadores afetados. A autarquia revela que os representantes da Corticeira Amorim assumiram “o compromisso de aceitar a transferência de trabalhadores para a unidade fabril de Vendas Novas, caso algum trabalhador assim o deseje” e que, nos casos de cessação laboral, está prevista “a atribuição de compensações monetárias em dobro do valor previsto na lei a título indemnizatório”.
Foi igualmente assegurado que “as casas de função manter-se-ão disponibilizadas aos trabalhadores e seus familiares que lá residam, até que sejam encontradas outras e melhores soluções que satisfaçam todas as partes interessadas”.
Apesar das garantias avançadas pela empresa, o Município de Silves manifesta-se “inquieto com os 31 trabalhadores” da unidade de produção e mostra-se “totalmente disponível para, no âmbito das suas competências legais, prestar-lhes todo o apoio possível na busca das melhores soluções para o seu futuro”.
A autarquia recorda ainda que desenvolveu esforços desde finais de 2021 para evitar este desfecho, tendo liderado e mediado “pelo menos 16 reuniões de um longo processo participativo e construtivo, que integrou os representantes da Corticeira Amorim, da CCDR-Algarve e demais interessados diretos”, com o objetivo de compatibilizar a laboração da fábrica com o cumprimento das exigências legais em matéria de ruído e a adoção de medidas de mitigação da poluição atmosférica.
No mesmo documento, o Município sublinha que a unidade de Silves foi, nos últimos quatro anos, “aquela que mais atenção e investimento tenha merecido do Grupo Amorim”, nomeadamente no que diz respeito à melhoria das condições de trabalho, ao cumprimento da legislação em vigor e à adoção de recomendações ambientais.
Ainda assim, nota a autarquia, esse esforço não resistiu “à quebra abrupta de novas encomendas e consequente redução dos níveis de faturação da fábrica”.
O Município de Silves termina a nota com uma mensagem de resiliência, frisando que “a forte ligação da cidade de Silves à indústria transformadora da cortiça está longe de terminar”.
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