O projeto para instalar uma dessalinizadora no Algarve, financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), foi alterado para poder produzir até 24 hectómetros cúbicos e ter maior capacidade que a inicialmente prevista, revelou esta sexta-feira o ministro do Ambiente.
Duarte Cordeiro revelou a informação durante uma visita à barragem de Odeleite, no concelho de Castro Marim, onde vai ser concluída a primeira obra de eficiência hídrica na região financiada pelo PRR, que permitirá captar mais 15 hectómetros cúbicos do volume morto de água, sem afetar a qualidade.
“Esta é a primeira concretização do Plano de Recuperação e Resiliência, dedicada à eficiência hídrica do Algarve, é uma obra que está a um mês e meio de estar concluída, são 2,4 milhões de euros, que permite acrescentar 15 hectómetros cúbicos, o que corresponderia a 7% do consumo de água do Algarve ou 20% do consumo humano, sensivelmente”, assinalou o ministro do Ambiente e da Ação Climática.
O governante destacou que o PRR “é muito ambicioso, tem várias obras” e muitas entidades envolvidas, mas salientou que “está em curso” e estão a ser dados “passos firmes” para avançar com elas, sendo um dos projetos “mais famosos e mais conhecidos” a dessalinizadora prevista para aumentar a disponibilidade de água na região do Algarve, uma das mais afetadas pela falta de chuva e a seca.
Dimensão vai ser aumentada para poder chegar até 24 hectómetros cúbicos
“Tomou-se a decisão, por parte das Águas de Portugal e das Águas do Algarve, de aumentar a capacidade. A dessalinizadora que tínhamos era uma dessalinizadora que dava para oito hectómetros cúbicos, e potencialmente aproveitamento até 16, e agora tomou-se a decisão de aumentar a dimensão para poder chegar até 24 hectómetros cúbicos”, afirmou o ministro aos jornalistas.
Após visitar as obras na barragem de Odeleite, que melhorarão também a interligação à barragem de Beliche, também no sotavento algarvio, Duarte Cordeiro explicou que a decisão de aumentar a capacidade de produção da dessalinizadora foi tomada por se ter entendido que era “o momento certo, antes de fazer o investimento”.
“E vai ser entregue, em princípio nas próximas semanas, o Estudo de Impacte Ambiental para estudar entre duas possíveis localizações, entre Albufeira e Lagos”, acrescentou o governante.
Questionado pela agência Lusa sobre se o aumento da capacidade da dessalinizadora vai implicar uma subida dos custos, Duarte Cordeiro respondeu que sim, esclarecendo que passará de um orçamento “de 40 milhões [de euros] para cerca de 50 milhões” e, se não for possível garantir a diferença através do PRR, serão asseguradas outras formas de financiamento.
“Ou seja, se não tivermos condições de financiamento por via do PRR, nós encontraremos outras fontes de financiamento. Isso não inibiu a tomada de decisão, a decisão está tomada, a desssalinizadora vai ser de um tamanho superior ao que estava previsto”, assegurou.
Algarve é atualmente “uma das zonas do país que mais preocupa” por causa da água
Duarte Cordeiro reconheceu que o Algarve é atualmente “uma das zonas do país que mais preocupa” por causa da água, assinalando que a região está a “dois níveis”, com uma zona do sotavento (este) onde há “mais ou menos capacidade a cerca de 60% daquilo que é o armazenamento” e um barlavento (oeste) que causa preocupação por ter beneficiado menos com as últimas chuvas e ter “barragens com nível de abastecimento mais baixo”.
“É uma matéria que estamos a acompanhar com muita atenção, muito cuidado, ainda hoje vamos ter reunião com a Associação de Municípios e vamos ter também com a CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional], para não só ouvir todos relativamente àquilo que é a situação atual, perceber o nível de recuperação que temos, fazer um ponto de situação”, disse ainda o ministro.