Os revisores e os trabalhadores das bilheteiras da CP – Comboios de Portugal cumprem este domingo um dia de greve por aumentos salariais, que deverá causar fortes perturbações no serviço.
“Vai ser uma greve muito forte, possivelmente não haverá quase comboios. Sabemos que é um dia de festa [de Santo António], mas [a greve] perturba menos os utentes. Aqueles que nós transportamos, sabemos que são da mesma condição social que nós e tentamos procurar não prejudicar quem vem trabalhar”, afirmou o dirigente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, em declarações à Lusa.
A CP também já alertou para perturbações significativas no serviço devido à greve. De acordo com o sindicalista, em causa está o facto de os trabalhadores continuarem com os ordenados congelados há mais de 10 anos.
Luís Bravo lamentou que o setor ainda não tenha recebido a atualização de 0,9%, aprovada para a função pública, que classificou como “miserável”, representando entre cerca de cinco e nove euros, consoante o escalão.
De acordo com o sindicato, para isso, a Administração da CP “impõe” a subscrição de um novo acordo de empresa, “com piores condições de trabalho”.
O dirigente do SFRCI lamentou que os trabalhadores estejam “completamente desprotegidos” face ao aumento inflação e dos custos energéticos.
“Os trabalhadores dos transportes, afetos aos comboios e às bilheteiras, que começam o seu turno às cinco, seis ou sete da manhã e que se retiram depois da meia noite, têm que se deslocar em viaturas próprias e, com o aumento dos combustíveis, neste momento, cerca de 20% do seu salário já vai só para se fazerem deslocar para o trabalho”, apontou.
A isto somam-se os turnos de trabalho e as folgas rotativas e um “aumento brutal do custo de vida”, fatores que têm levado até os trabalhadores mais novos a pedir rescisão da empresa.
Por outro lado, os concursos de adesão de novos colaboradores têm ficado vagos, porque “não há ninguém que se candidate com estes salários e em laboração contínua”, neste sentido, conforme apontou, existem comboios esgotados, que estão a ser suprimidos por falta de trabalhadores, lamentou, defendendo que a administração da CP e a tutela parecem estar “confortáveis” com esta situação.
“É um dia que gostaríamos que tivesse impacto e que houvesse reação do Governo e da Administração da CP, mas possivelmente foram todos de férias prolongadas”, concluiu.
GREVE DOS TRABALHADORES A NORTE NO SÃO JOÃO
Para o dia 23 de junho está também agendada uma greve de 24 horas para os trabalhadores ferroviários operacionais, a norte de Pombal. A CP já alertou que a circulação de comboios da empresa deverá ter perturbações “significativas nos dias 12, 13 e 16 de junho devido a greve.
A CP refere que aos clientes que já tenham adquirido bilhete para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Interregional e Regional, será permitido o reembolso no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação, sem custos.
Desde o início do mês tem estado a decorrer uma greve dos trabalhadores da CP ao trabalho extraordinário e aos feriados, que se prolonga até ao final do mês, mas não provocou supressões, indicou à Lusa, em 3 de junho, fonte oficial da empresa.
Em 16 de maio, a CP anunciou que chegou a um acordo com 12 sindicatos, para revisão do Acordo de Empresa, ficando de fora três estruturas sindicais.
Do acordo alcançado resultou o aumento salarial de 0,9%, com efeitos retroativos a 1 de janeiro de 2022, a uniformização do subsídio de refeição para 7,74 euros e a integração dos trabalhadores da ex-EMEF na tabela salarial da CP, com efeitos retroativos a 01 de janeiro.
Greve na CP suprime 277 comboios até às 18:00
A greve dos trabalhadores da CP — Comboios de Portugal levou à supressão de 277 comboios, entre as 00:00 e as 18:00 deste domingo, tendo-se realizado 311 comboios, disse à Lusa fonte da empresa.
Segundo a fonte oficial da CP estavam planeados 588 comboios, pelo que devido à greve (que abrange os trabalhadores a sul de Pombal), houve 47% de supressões.
De acordo com os dados fornecidos pela empresa, dos comboios suprimidos 24 eram de longo curso, tendo-se realizado 21.
Dos comboios regionais foram suprimidos 68 mas realizaram-se 120, tendo a supressão sido mais significativa nos urbanos de Lisboa, onde foram suprimidos 185 e realizados apenas 53.
Nos comboios urbanos do Porto não houve supressões, realizaram-se os 117 que estavam programados, disse a fonte.
A greve dos revisores e dos trabalhadores de bilheteiras da CP, a sul de Pombal foi “um sucesso”, indicou o dirigente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, num balanço à Lusa na tarde deste domingo.
Os comboios que estão a circular são comboios fora da zona da greve, que foi “um êxito total”, assinalou.
Luís Bravo adiantou que desde as 18:00, e até às 24:00 deste domingo estão encerradas as linhas da zona de Lisboa (Sintra, Azambuja, Cascais e Sado), porque por haver uma tão elevada adesão à greve não há trabalhadores suficientes para garantir os níveis de segurança.
No Algarve, Alentejo e Beiras também não há comboios desde sábado, acrescentou o sindicalista, lembrando que os turnos que começam na manhã de segunda-feira vão decorrer normalmente.
A elevada adesão, afirmou, mostrou que os trabalhadores sentem que o caderno reivindicativo é “mais do que justo”, disse.
Para o dia 23 de junho está também agendada uma greve de 24 horas para os trabalhadores ferroviários operacionais, a norte de Pombal.
A CP já tinha alertado que a circulação de comboios da empresa deverá ter perturbações “significativas nos dias 12, 13 e 16 de junho devido a greve.
Desde o início do mês tem estado a decorrer uma greve dos trabalhadores da CP ao trabalho extraordinário e aos feriados, que se prolonga até ao final do mês.
Em 16 de maio, a CP anunciou que chegou a um acordo com 12 sindicatos, para revisão do Acordo de Empresa, ficando de fora três estruturas.
Os trabalhadores protestam pelo congelamento de salários e bloqueio das negociações.
Luís Bravo já tinha dito este domingo à Lusa que até ao momento os trabalhadores não receberam qualquer resposta por parte da CP — Comboios de Portugal, sublinhando que um terço dos trabalhadores da empresa foi esquecido pela Administração e pela tutela.
E na quinta-feira lamentou que o setor ainda não tenha recebido a atualização de 0,9%, aprovada para a função pública, que classificou como “miserável”, representando entre cerca de cinco e nove euros, consoante o escalão.
Aumento do custo de vida, sem compensação, tem sido uma das causas apontadas para as greves, por Luís Bravo.