Em certos países europeus, a ideia de eliminar feriados para estimular a economia tem vindo a ganhar força. Trata-se de uma proposta que levanta questões sobre o equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida, especialmente num contexto em que o mundo laboral continua a evoluir.
Exemplo vindo do norte da Europa
A proposta ganhou força depois de a Dinamarca ter tomado uma decisão semelhante em 2023. Nesse ano, o país escandinavo suprimiu o Store Bededag, um feriado nacional de cariz religioso, com o objetivo de financiar o aumento do orçamento militar, segundo aponta o AS.
Pressões na Alemanha
Na Alemanha, várias entidades têm vindo a manifestar-se a favor de uma medida semelhante. Uma das vozes mais ativas é a de Wolfram Hatz, presidente da Associação de Empresários da Baviera, que afirmou: “Temos de voltar a trabalhar mais!”, em declarações ao jornal Bild.
Outro defensor da proposta é Bertram Brossardt, diretor da Confederação da Economia da Baviera (VBW), que sublinha que a Alemanha tem a jornada anual de trabalho “mais curta do mundo”.
Justificações económicas
Apesar das declarações polémicas, os defensores da ideia argumentam que a redução de feriados pode contribuir para equilibrar o esforço económico necessário em tempos de crise ou de aumento de despesas públicas.
O tema tornou-se ainda mais relevante devido aos desafios económicos que a Alemanha enfrenta, nomeadamente em sectores como a indústria e a energia, que exigem respostas rápidas e eficazes.
Realidade laboral na Alemanha
No país germânico, a jornada de trabalho diária atinge as 8 horas, sendo o máximo legal de 48 horas por semana. No entanto, na prática, a maioria dos trabalhadores cumpre entre 35 e 40 horas semanais, com uma média nacional de 37,7 horas.
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Regras flexíveis para horários
É importante notar que a lei permite a extensão da jornada até 10 horas por dia, desde que, num período de seis meses ou 24 semanas, não seja ultrapassada a média de 8 horas diárias, segundo a mesma fonte.
Pausas obrigatórias garantidas
Os trabalhadores na Alemanha beneficiam ainda de um descanso mínimo de 11 horas consecutivas entre dois dias de trabalho, o que reforça as garantias de bem-estar laboral.
Quanto às férias, o mínimo legal é de 20 dias úteis por ano. Contudo, para quem trabalha seis dias por semana, esse número sobe para 24 dias.
Medo de retrocessos sociais
Os opositores à eliminação de feriados alertam para o impacto negativo que isso poderá ter na saúde mental dos trabalhadores e no equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
As centrais sindicais têm-se mostrado contra a medida, considerando que esta poderá abrir precedentes perigosos na negociação de direitos laborais.
Perda de identidade cultural
Muitos cidadãos também expressaram preocupações em relação à possível perda de momentos culturais e religiosos importantes para a identidade do país.
Debate longe de estar encerrado
De acordo com o AS, a proposta continua a dividir opiniões entre a necessidade de reforçar a produtividade e a preservação dos direitos dos trabalhadores, sendo provável que o debate se prolongue nos próximos meses.
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