A Universidade do Algarve decretou três dias de luto académico pelo falecimento do historiador António Borges Coelho, a quem tinha concedido o título de Honoris Causa em História, anunciou este sábado a instituição.
“A Instituição solidariza-se com este momento de tristeza, decretando três dias de luto académico”, lê-se num comunicado da Universidade do Algarve.
O historiador, professor, escritor, investigador, combatente antifascista, que morreu na sexta-feira aos 97 anos, recebeu o título de Honoris Causa em História pela Universidade do Algarve a 17 de junho de 2009.
De acordo com a nota, o reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, vem em nome de toda a comunidade académica “manifestar publicamente o mais profundo pesar pelo falecimento de António Borges Coelho e endereçar à família e aos amigos as mais sinceras e sentidas condolências”.
A instituição académica algarvia considera António Borges Coelho uma “figura maior” da historiografia portuguesa e recorda que foi também autor de poesia e ficção, tendo-se destacado pelos seus “estudos sobre a Inquisição e sobre a época de domínio islâmico nas terras que se tornariam Portugal”.
As cerimónias fúnebres do historiador realizam-se na próxima segunda-feira, em Alcabideche, no concelho de Cascais.
O corpo do historiador estará no Centro Funerário de Alcabideche, na segunda-feira, a partir das 12:00, onde será prestada uma homenagem, pelas 16:30, estando prevista a cerimónia de cremação para as 18:00.
Natural de Murça, em Trás-os-Montes, onde nasceu em 07 de outubro de 1928, Borges Coelho recebeu o Prémio Universidade de Lisboa em 2018, instituição onde foi aluno e professor.
António Borges Coelho licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1967, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde se doutorou em 1984, e onde lecionou de 1974 a 1994, no Departamento de História, depois dos anos da ditadura que o afastaram da docência.
Em 1999, Borges Coelho foi agraciado com a Ordem de Sant’Iago da Espada e, em 2018, condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
A sua bibliografia inclui poesia, ficção, ensaio, teatro e uma bibliografia extensa em que se destacam obras como “As Raízes da Expansão Portuguesa”, “A Revolução de 1383”, “Portugal na Espanha Árabe”, “A Inquisição de Évora”, além de sete volumes da História de Portugal.
Este ano publicou na Caminho a coletânea “Poemas”.
Quando recebeu o Prémio Universidade de Lisboa, o júri, ao qual presidiu o então reitor António Cruz Serra, justificou a distinção pelo seu “singular percurso na historiografia portuguesa” e o “trabalho inovador”.
Além de destacar a “relevância do seu percurso científico”, e o facto de ter sido perseguido “muitas vezes em circunstâncias adversas”, durante a ditadura, o júri sublinhou ainda a grande erudição e acessibilidade da obra de Borges Coelho, e “o seu comprometimento com a cultura e a língua”.
Em 2022, a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto distinguiu o historiador com o Prémio Rodrigues Sampaio, definindo-o como “um homem de coragem” e uma “personalidade ímpar da cultura e da cidadania, autor de inovadora e vasta obra no domínio da História, mas também poeta luminoso”.
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Presidente da República evoca resistência do historiador à ditadura
O Presidente da República enviou condolências à família do historiador António Borges Coelho, que faleceu na sexta-feira, aos 97 anos, e destacou a sua importância como medievalista e como resistente à ditadura do Estado Novo.
Numa mensagem publicada hoje na página oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa assinala que António Borges Coelho foi um historiador “de formação marxista”.
“Todos os quadrantes reconhecem a sua importância como medievalista e os trabalhos fundamentais que escreveu sobre a presença islâmica em Portugal, as Descobertas e a Inquisição”, refere o chefe de Estado, realçando depois os livros “Portugal na Espanha Árabe”, “Raízes da Expansão Portuguesa” e “A Inquisição em Évora”, tema ao qual dedicou a sua tese de doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Na nota publicada na página da Presidência da República, assinala-se ainda que António Borges Coelho, natural de Murça, distrito de Vila Real, publicou diversas monografias e coletâneas, e sete volumes de uma “História de Portugal”.
“Membro do PCP, foi censurado, exilou-se, e esteve preso em Peniche em condições particularmente penosas. Mas assim como o historiador nunca se interessou apenas pelo coletivo, demorando-se em casos e vidas individuais, também o militante foi algumas vezes heterodoxo, e invulgarmente capaz de resistir não apenas à ditadura mas à amargura”, sustenta-se.
No texto recorda-se que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, atribuiu a António Borges Coelho, em 2018, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
“À família do Professor Borges Coelho apresento as minhas condolências e presto a minha homenagem”, acrescenta o Presidente da República.
As cerimónias fúnebres do historiador António Borges Coelho, que morreu na sexta-feira, aos 97 anos, realizam-se na próxima segunda-feira, em Alcabideche, no concelho de Cascais.
O corpo do historiador estará no Centro Funerário de Alcabideche, na segunda-feira, a partir das 12:00, onde será prestada uma homenagem, pelas 16:30, estando prevista a cerimónia de cremação para as 18:00.
















