Em várias cidades deste país, surgiram serviços para resgatar condutores do trânsito quando tudo está parado, oferecendo uma alternativa rápida a quem precisa de chegar a horas e está disposto a pagar por isso. A ideia é simples e tem ganho atenção internacional sempre que o congestionamento volta às manchetes, mostrando como se pode resgatar alguém do trânsito sem bloquear ainda mais a via.
A resposta tem origem na China, onde empresas de “jam-busting” passaram a disponibilizar equipas em motociclo para retirar pessoas presas em engarrafamentos. Segundo várias reportagens desde pelo menos 2011, o cliente paga um valor fixo e é recolhido por uma mota que consegue avançar entre filas imobilizadas, ganhando tempo quando cada minuto conta.
Como funciona o serviço
O modelo operativo é direto: dois profissionais deslocam-se de mota até ao ponto exato onde o cliente se encontra, recorrendo ao envio de localização. Chegados ao local, o passageiro da mota entra no automóvel do cliente e conduz até ao destino combinado, enquanto o cliente segue na traseira da mota rumo ao seu compromisso, explica o site de cultura automóvel The Autopian.
O processo depende de manobras permitidas às motas e reduz o tempo perdido em engarrafamentos densos. Em paralelo, o serviço minimiza o impacto no fluxo geral, ao evitar que mais veículos tentem sair das vias principais por atalhos sem capacidade.
Preço, limitações e segurança
Os relatos apontam para preços na ordem dos 52 euros, variando com a cidade e a distância, noticia ainda o The Autopian. Há, porém, limitações práticas evidentes: quem tenta apanhar um voo só conseguirá transportar bagagem de pequena dimensão, e o local de entrega do automóvel tem de ficar previamente definido.
A segurança e a confiança são peças centrais do modelo. Além do uso de capacete e equipamento adequado, são necessários procedimentos claros para a gestão das chaves e para a confirmação da identidade dos intervenientes. Em 2015, pelo menos um operador, o Dingding Yueche, terá interrompido a atividade invocando preocupações de segurança, ilustrando a necessidade de regras e seguros robustos, refere a mesma fonte.
Estatuto legal e enquadramento
Em algumas fases, serviços deste tipo foram alvo de escrutínio regulatório em cidades como Pequim, com referências a proibições iniciais seguidas de ajustamentos ao enquadramento. De forma geral, a viabilidade depende do respeito pelo código da estrada e de seguros que cubram tanto o transporte do cliente como a condução do veículo por terceiros.
A discussão pública sobre estes serviços acompanha um debate mais amplo sobre o congestionamento urbano na China. Apesar de estudos académicos identificarem custos socioeconómicos elevados associados ao trânsito, as grandes cidades chinesas surgem menos vezes nos topos de rankings globais de engarrafamentos, o que tem alimentado comparações metodológicas e dúvidas sobre critérios de medição.
Pode funcionar noutras cidades
O conceito tem sido apontado como potencialmente transferível para metrópoles com trânsito intenso, como Londres ou Los Angeles. Para tal, seriam necessários protocolos com as autoridades locais, verificação prévia de condutores, registo de matrículas e cobertura de seguro específica, reduzindo o risco para quem aceita ser resgatado do trânsito por uma mota e entrega o seu carro a um profissional.
Com estes requisitos, o serviço poderia oferecer ganhos significativos quando o tempo de espera em fila ultrapassa largamente o tempo de deslocação em duas rodas. Em cenário de adoção alargada, o planeamento teria ainda de acautelar a gestão do número de motas em circulação nos corredores entre faixas, de modo a evitar novos pontos de saturação.
A experiência chinesa mostra que há procura para soluções rápidas quando o trânsito bloqueia por horas. O país tornou-se um laboratório para testar formas de resgatar pessoas do trânsito com um nível adicional de serviço: o cliente chega a horas e o automóvel é entregue em segurança no destino acordado.
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