O ministro do Ambiente disse hoje que o Algarve deve aproveitar o financiamento a 100% disponibilizado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para avançar com a dessalinização e a captação de água no rio Guadiana.
“A dessalinização é de facto muito importante nós podermos testar, mais ainda quando ela vai ser financiada a 100%, quando o PRR vai pagar todo este investimento a 100%”, afirmou João Pedro Matos Fernandes aos jornalistas durante uma visita à barragem de Odeleite, no concelho de Castro Marim.
Para o ministro do Ambiente e da Ação Climática, os portugueses “não podem perder uma oportunidade destas” para o Algarve, de ter “um projeto, que não é um projeto piloto”, mas que é “pioneiro”, porque não há outro equipamento do género no continente.
João Pedro Matos Fernandes falava junto à principal albufeira do sistema intermunicipal de abastecimento de água do distrito de Faro localizada a sotavento (este), onde foram apresentados três projetos para melhorar a eficiência hídrica na região, num investimento conjunto de cerca de cinco milhões de euros.
Entres os projetos, está da criação de um sistema para a captação de água em profundidade na albufeira de Odeleite, que vai permitir a retirada de mais 15 milhões de metros cúbicos daquela barragem, com um investimento de 1,5 milhões de euros.
Os outros projetos são para levar águas residuais tratadas para rega em dois campos de golfe de Castro Marim, a partir da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vila Real de Santo António, um investimento de 1,5 milhões de euros, e para secagem de lamas na mesma ETAR, com um valor de 2,2 milhões de euros.
João Pedro Matos Fernandes sublinhou que o Governo “quer concretizar em seis anos” os investimentos do PRR, tendo por base a palavra eficiência” para “saber usar cada vez melhor”, um recurso básico e que terá de ser pago pelos utilizadores para garantir que a oferta se mantém com qualidade.
Para isso acontecer, é necessário, segundo o ministro do Ambiente, “encontrar outras fontes”, como “a reutilização de águas residuais tratadas” na rega de campos de golfe ou a captação de “uma grande quantidade de água que não era utilizada” da barragem de Odeleite com a captação em profundidade.
O governante frisou que há “dois projetos de maior dimensão”: o da dessalinização e outro para “encontrar uma nova origem de água, presumivelmente no Pomarão, isto é, no Guadiana, a jusante da albufeira de Alqueva” para, em casos de necessidade, poder abastecer a barragem de Odeleite, projetos que permitirão aumentar a “resiliência” da região.
“Se as barragens do Algarve tiverem água, elas são suficientes para todos os usos que aqui acontecem, e por isso o que nós queremos é trazer água para aqui e é fundamental essa captação. É uma captação que só funciona quando faz falta – este é manifestamente um dia em que a captação não faz falta nenhuma e, se calhar, até ao verão também não iria fazer -, mas é um seguro que nós temos de ter para garantir que não vamos ter situações de falta de água no futuro”, justificou.
Sobre o tratamento de águas residuais, Matos Fernandes disse que vai ser “dado esse exemplo já com Vila Real de Santo António, para poder regar os dois campos de golfe” do concelho de Castro Marim, mas também “as plantações agrícolas”.
O governante argumentou que “não é compatível com o modelo de desenvolvimento do Algarve haver menos água” e é necessário também que o país e a região sejam “capazes de captar mais água numa albufeira que já existe”, com um “impacto ambiental zero”, através da construção de uma estação elevatória e de bombagem que eleva a água até à cota onde está a ligação gravítica para fazer o abastecimento.
Após a cerimónia junto à barragem, o ministro do Ambiente seguiu para outras zonas do Algarve, onde participou nas inaugurações das estações elevatórias do mercado de Olhão, do Ferragial, em Faro, e do novo edifício da Flotação da Estação de Tratamento de Águas de Alcantarilha.