Quatro Contos Consonantes é o segundo livro infantojuvenil da autora canadiana Margaret Atwood, publicado pela Ponto de Fuga, depois de No alto da árvore. Com tradução de Vladimiro Nunes, e revisão de Rita Almeida Simões, este volume reúne quatro obras infantojuvenis distintas de um dos grandes nomes da literatura contemporânea. Além de estarem exclusivamente reunidas, e pela primeira vez, graças a esta edição portuguesa, ganham ainda um tom ternamente sombrio (ao estilo de Tim Burton) com o traço distintivo das ilustrações a cores de Sebastião Peixoto – no final do livro incluem-se ainda alguns esboços das ilustrações.
Os quatro contos intitulam-se «Carlitos Constrangido e Deolinda Desgostosa», «Princesa Prunela e a espinha púrpura», «Raimundo Refilão e os rabanetes rugidores», e «Vanda Vivaça e a Lavandaria Vertiginosa da Viúva Venteira». Estas breves histórias, como se pode perceber logo pelos títulos consonânticos, estão igualmente unidas pelo trabalho linguístico, nomeadamente no recurso à aliteração – e daí uma nota muito especial para a excelência da tradução, cujo trabalho não deve ter sido nada fácil (e deve ter envolvido muita adaptação), sem desrespeitar o sentido original dos textos. Os Quatro Contos Consonantes lêem-se assim, por miúdos e graúdos, na corda bamba entre o destrava-línguas e um humor muito peculiar.
Aqui os animais falam, as personagens são muitas vezes de origens humildes ou moram em casas nobres que caíram em desgraça, as crianças órfãs e solitárias andam em busca de uma companhia especial, e os finais são improvavelmente felizes. Ainda que a autora siga na esteira das tradicionais histórias de encantar – como as três boas ações que a Princesa Prunela deve realizar para que a verruga do nariz lhe desapareça –, dá igualmente largas à sua sempre prodigiosa imaginação e apresenta-nos um mundo muito pouco cor-de-rosa cheio de crianças destemidas.
Margaret Atwood é uma autora multifacetada. Mais conhecida pelas suas obras distópicas, que a Bertrand tem vindo a publicar, com destaque para o mais recente MaddAddam, a autora dedica-se igualmente à poesia e ensaio. Recebeu diversos prémios literários ao longo da sua carreira, incluindo o Arthur C. Clarke, o Booker Prize, o Governor General’s Award e o Giller Prize, bem como o Prémio para Excelência Literária do Sunday Times (Reino Unido), a Medalha de Honra para Literatura do National Arts Club (EUA), o título de Chevalier de l’ Ordre des Arts et des Lettres (França) e foi a primeira vencedora do Prémio Literário de Londres. Em 2019 ganhou o Man Booker Prize pela obra Os Testamentos.
Sebastião Peixoto nasceu em 1972, em Braga. É licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto. Trabalha como ilustrador freelancer, colaborando com várias editoras nacionais e internacionais. Tem mais de vinte títulos infantojuvenis publicados e diversas participações em fanzines, revistas e jornais. Tem participado em exposições coletivas, de pintura e de ilustração, em Portugal e no estrangeiro. Integrou duas mostras no âmbito da Seoul Illustration Fair, tendo, noutra edição, em 2017, ganhado a medalha de ouro do Thesif Award.