O ouro atingiu recentemente um novo recorde ao ultrapassar os 4.380 dólares por onça, refletindo uma combinação de fatores económicos e políticos que estão a influenciar o comportamento dos investidores. A antecipação de descidas das taxas de juro nos Estados Unidos, associada a sinais de abrandamento da inflação e do mercado de trabalho norte-americano, reforçou a atratividade do metal precioso como alternativa a outros ativos financeiros.
De acordo com o jornal Correio da Manhã, o valor do ouro chegou aos 4.383,76 dólares por onça, superando o máximo registado em outubro e acumulando uma valorização expressiva desde o início do ano. Este movimento surge num contexto marcado por tensões geopolíticas, fragilidades orçamentais nos Estados Unidos e um clima de menor confiança no dólar.
Efeito da incerteza nos mercados
A escalada do preço do ouro está diretamente ligada à perceção de risco global. Em períodos de instabilidade económica, conflitos internacionais ou impasses políticos, os investidores tendem a procurar ativos considerados mais seguros. Fatores, como a guerra comercial liderada por Donald Trump e a paralisação orçamental norte-americana têm alimentado a procura pelo metal amarelo.
Na rubrica Explicador Renascença, propriedade da rádio com o mesmo nome, é sublinhado que em outubro deste ano já o valor do ouro tinha disparado, devido ao enfraquecimento do dólar norte-americano que tornou este metal mais acessível a investidores que operam noutras moedas. A isto juntou-se a política monetária mais flexível da Reserva Federal, que reduziu a atratividade de ativos que dependem de taxas de juro elevadas.
Uma subida que não é linear
Apesar dos recordes sucessivos, o Correio da Manhã destaca que a trajetória do ouro não tem sido isenta de correções. Após atingir máximos históricos, o preço registou uma queda superior a 5% num único dia, num movimento de realização de lucros que não era observado desde os primeiros meses da pandemia de Covid-19, em 2020.
O impacto nas reservas portuguesas
A valorização do ouro tem efeitos diretos nas contas nacionais, sobretudo em países com reservas significativas. De acordo com a Renascença, Portugal detém cerca de 382,7 toneladas de ouro, o que coloca o país no 11.º lugar do ranking mundial de reservas.
Segundo o Relatório de Implementação da Política Monetária de 2024, citado pela mesma publicação, o valor das reservas de ouro do Banco de Portugal passou de cerca de 31 mil milhões de euros para 46,3 mil milhões, acompanhando a subida do preço do metal nos mercados internacionais. Este aumento traduz-se numa valorização relevante do património financeiro do Estado.
Por que razão continua o ouro a atrair investidores
O interesse pelo ouro não se explica apenas por fatores conjunturais. O metal mantém um estatuto histórico de proteção contra a inflação e a desvalorização monetária, funcionando como reserva de valor em contextos adversos.
Além disso, quando as taxas de juro reais são baixas ou negativas, o ouro torna-se mais competitivo face a ativos que oferecem rendimentos fixos. Num cenário de incerteza prolongada, o metal precioso continua a ser visto como um porto seguro, tanto para investidores privados como para instituições públicas.
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