Quase 50 mil ataques a aparelhos ligados à Internet foram registados em Portugal ao longo de 2024, afetando sobretudo routers domésticos e equipamentos de escritórios. A investigação foi conduzida pela Equipa Global de Análise e Investigação (GReAT) da Kaspersky, especialista em cibersegurança, que identificou 63 dispositivos vulneráveis no país.
Dispositivos domésticos e de escritório em risco
Tal como refere o site especializado em atualidade e negócios, Executive Digest, o número de ataques segue uma tendência crescente em todo o mundo. Em Espanha, segundo a Kaspersky, foram registados 137 equipamentos atacados, enquanto mais de 10 mil dispositivos ligados ficaram expostos globalmente.
A vulnerabilidade não se limita aos routers. Assistentes de voz, televisores, câmaras, eletrodomésticos, máquinas de café, impressoras, sistemas de aquecimento e sensores de fumo em escritórios inteligentes podem ser explorados. Muitos destes equipamentos permanecem ativos sem que os proprietários tenham consciência disso.
Como funcionam os ataques
Esta rede de dispositivos inteligentes permite que equipamentos do dia a dia recolham e transmitam dados automaticamente, muitas vezes processados por inteligência artificial.
Falhas comuns como passwords fracas, permissões mal configuradas, vulnerabilidades não corrigidas ou ligações a redes pouco seguras tornam estes dispositivos alvos fáceis para cibercriminosos.
Segundo a mesma fonte, um dispositivo comprometido pode integrar botnets, redes de equipamentos controlados remotamente. Estes podem ser usados para roubo de informações, espionagem, mineração de criptomoedas, distribuição de malware, ataques de negação de serviço (DDoS), envio de spam e phishing. Nos casos mais graves, é possível manipular equipamentos críticos que afetam diretamente a vida quotidiana.
A responsabilidade de proteger cada dispositivo
María Isabel Manjarrez, investigadora de segurança da GReAT para a América Latina, alerta que cada novo dispositivo traz consigo a responsabilidade de o proteger e de garantir a segurança das redes a que se liga.
“A casa, o escritório ou a operação inteligente não é realmente inteligente se não for segura. Um equipamento vulnerável não é malicioso por si só, mas pode propagar ameaças a outros dispositivos na mesma rede”, afirma Manjarrez.
Boas práticas para proteger equipamentos
Para utilizadores domésticos, a Kaspersky recomenda configurar corretamente os dispositivos, verificar os dados que partilham, desativar funções desnecessárias, gerir permissões de aplicações, escolher passwords únicas e fortes, manter tudo atualizado e proteger equipamentos sincronizados, como telemóveis e computadores, com soluções de cibersegurança confiáveis.
Para escritórios inteligentes, a empresa aconselha criar um inventário completo de dispositivos, aplicar segmentação de rede, implementar autenticação multifatorial sempre que possível, formar colaboradores e monitorizar constantemente o tráfego da rede à procura de anomalias.
Consciencialização e prevenção
A vaga de ataques evidencia a necessidade de consciencialização e prevenção em Portugal. A ligação crescente de dispositivos à Internet aumenta as oportunidades para os ciberataques. Segundo o Executive Digest, só com práticas consistentes de segurança é possível transformar estes ecossistemas inteligentes em ambientes realmente confiáveis.
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