A forma como um supermercado está organizado não é aleatória. Cada corredor, cada prateleira e até o que se sente ao entrar na loja é pensado com um objetivo específico, influenciar o comportamento dos clientes. A Mercadona é um exemplo claro desta estratégia, onde o neuromarketing e a otimização do percurso de compras são aplicados de forma eficaz para aumentar o consumo médio dos clientes.
Ambiente convidativo
Quando se entra numa loja da marca, é habitual encontrar logo uma zona bem iluminada, com cores vivas e aromas que remetem a frescura. Segundo a Marketeer, esta primeira impressão é fundamental para criar uma ligação emocional positiva com o espaço e estimular a vontade de explorar o resto da loja.
Estudos indicam que ambientes bem iluminados e aromatizados aumentam o tempo de permanência dos clientes, potencializando as compras por impulso.
Produtos essenciais ao fundo
Os artigos de primeira necessidade, como o leite, o pão ou a farinha, estão colocados nas zonas mais afastadas da entrada. Isto obriga os clientes a passar por outros corredores para lá chegar. Pelo caminho, são expostos a dezenas de outros produtos que não tinham planeado comprar.
Este método, de acordo com a mesma fonte, conhecido como ‘percurso otimizado’, é projetado para que o cliente percorra a maior parte do espaço de vendas, aumentando a exposição a produtos não essenciais.
Prateleiras adaptadas à altura dos olhos
Outro pormenor importante que a Mercadona aplica, como refere a Marketeer, é a forma como os produtos são organizados verticalmente nas prateleiras. Os artigos destinados a crianças, como doces ou cereais, estão muitas vezes colocados nas prateleiras inferiores, ao alcance da sua visão e das suas mãos.
Por outro lado, os produtos para adultos encontram-se nas prateleiras mais altas, facilitando o acesso para quem os procura.
Esta estratégia, baseada em estudos de neuromarketing, procura influenciar decisões de forma direta, com base em quem está mais próximo do produto. Segundo especialistas, esta disposição pode aumentar em até 30% a probabilidade de compra.
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Zonas de pagamento com tentações
Como é reportado pela fonte anteriormente citada, ao chegar às caixas, os clientes deparam-se com uma variedade de produtos pequenos e apelativos, como pastilhas, chocolates, isqueiros ou pilhas. Estes itens, colocados estrategicamente junto ao local de pagamento, visam captar a atenção nos últimos momentos da compra.
Este fenómeno, conhecido como ‘compra de última hora’, representa uma fatia considerável do faturamento em retalho, aproveitando o tempo de espera para estimular aquisições impulsivas.
Olfato e iluminação como ferramentas
O cheiro a pão acabado de cozer ou a presunto cortado na hora é utilizado para despertar o apetite e atrair os clientes. Estes aromas, segundo a Marketeer, criam uma sensação de conforto e estimulam a compra de alimentos, mesmo que inicialmente não estivessem planeados.
Já em zonas como a secção de cosmética, a iluminação é reforçada para destacar as embalagens e tornar os produtos mais apelativos, captando a atenção de quem passa. Estas técnicas são amplamente estudadas no neuromarketing, comprovando a sua eficácia em aumentar vendas.
Carrinhos maiores e percurso definido
O tamanho dos carrinhos de compras da Mercadona também tem um papel importante. Um carrinho grande, quando parcialmente vazio, pode induzir a sensação de que ainda falta alguma coisa. Isso pode levar os clientes a procurar mais produtos para ‘encher’ o espaço.
Além disso, como a mesma fonte diz, o layout da loja é desenhado para guiar os clientes por um percurso específico. Este trajeto obriga a passar por várias zonas e secções, aumentando o tempo de permanência no supermercado e a exposição a diferentes produtos. Esta técnica visa maximizar o contacto visual com o maior número de artigos possível.
Experiência construída para vender mais
Todas estas escolhas fazem parte de uma estratégia mais ampla baseada em estudos de comportamento e neuromarketing. A Mercadona, de acordo com a Marketeer, tal como outras cadeias de retalho, aplica estes métodos para condicionar a experiência de compra, influenciando decisões de forma subtil e eficaz.
Este tipo de organização, aliado à otimização do percurso e à criação de estímulos sensoriais, permite não apenas aumentar as vendas, mas também fidelizar os clientes através de uma experiência agradável e envolvente.
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