A Galp deixou um aviso sobre as consequências de terminar com os descontos no Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP). A empresa considera que a diferença de preços do combustível entre Portugal e Espanha pode agravar-se com a nova medida fiscal, levando mais condutores a abastecer no país vizinho e retirando receita fiscal ao Estado português.
De acordo com o Notícias ao Minuto, o co-presidente executivo da Galp, João Diogo Silva, afirmou que a situação é particularmente preocupante na faixa de fronteira de cerca de 50 quilómetros, onde muitos automobilistas optam já por atravessar a fronteira para encher o depósito em Espanha.
Diferença de preços pode aumentar
Atualmente, a diferença entre os preços praticados nos dois países ronda os oito a dez cêntimos por litro, dependendo do combustível.
Segundo o mesmo responsável, esta disparidade poderá aumentar caso se concretize a recomendação da Comissão Europeia para eliminar os apoios em vigor no ISP.
“Quando se pensa em receita fiscal, é preciso pensar em todos os ângulos. O impacto de mais pessoas abastecerem em Espanha pode ser maior do que o valor arrecadado com uma subida do imposto”, sublinhou João Diogo Silva, citado pela publicação.
Governo avalia recomendações da Comissão Europeia
A Comissão Europeia instou recentemente o Governo português a acabar com os descontos no ISP, considerando-os incompatíveis com as regras comunitárias.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, admitiu esta semana que poderão existir “ajustamentos” no preço dos combustíveis.
Segundo a mesma fonte, o líder da Galp manifestou ainda preocupação com a entrada de produtos por via terrestre que não cumprem todas as regras fiscais em Portugal, lembrando que Espanha aplicou medidas de controlo que resultaram na recuperação de mais de 2.000 milhões de euros em receita.
Investimento em Sines e novo conceito de lojas
Numa altura em que decorrem estas discussões, a Galp está também a investir mais de 650 milhões de euros na refinaria de Sines. O objetivo passa por produzir combustíveis renováveis, como HVO, combustível sustentável para aviação (SAF) e hidrogénio verde.
“É essencial compreender a importância que este tipo de investimento tem para manter o país competitivo, sustentável e com segurança de abastecimento”, destacou João Diogo Silva, segundo a mesma fonte.
Além disso, a empresa inaugurou a primeira estação de serviço com o conceito Goody, integrada num plano de renovação de imagem e ativos que deverá abranger 250 lojas na Península Ibérica. Está prevista a abertura de uma nova estação em Lisboa até ao final do ano e outra no Porto no início de 2026.
De acordo com o Notícias ao Minuto, a Galp insiste que o Governo deve avaliar bem o impacto da decisão sobre o ISP, sob pena de perder mais receita para Espanha do que aquela que arrecadaria com o fim dos descontos.
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