Numa carta aos trabalhadores da Impresa os filhos de Francisco Pinto Balsemão destacaram esta quarta-feira, que o legado do pai é eterno e que dele fazem parte todos os que colaboram com o grupo.
“É um dia muito difícil para todos nós. Achámos que não chegaria porque começámos a acreditar que Francisco Pinto Balsemão – pai, marido, avô, jornalista, empreendedor – era eterno. Como todos se recordarão, as frases sobre o futuro eram iniciadas pelo fundador da Impresa com a expressão ‘Se eu um dia morrer…’. Mas o seu legado é eterno. E o seu legado somos todos nós”, disseram os filhos na carta a que a Lusa teve acesso.
Mónica Balsemão, Henrique Balsemão, Francisco Maria Balsemão, Joana Balsemão e Francisco Pedro Balsemão referem o sentimento de perda que está hoje a unir todos os que trabalham no grupo de comunicação social, pois todos fizeram “parte da sua família: mulher, filhos e netos, mas também os muitos profissionais que colaboraram ou colaboram com a Impresa”.
Para os filhos, a morte de Balsemão é também uma perda para todo o setor da comunicação social – onde foi uma “figura ímpar e visionária” -, e para o país, que destacam como “um dos pais fundadores” da democracia.
Os filhos agradecem aos trabalhadores por terem construído com Balsemão “uma história que deu ao país ventos de liberdade, com o Expresso, ventos de modernidade, com a SIC, ventos de mudança, com o pioneirismo que sempre o caracterizou”.
Em ambos os projetos, reforçam, Balsemão atuou com “liberdade, independência, rigor”.
Os filhos citam, na carta, frases do pai em que destaca o seu princípio cimeiro da luta pela liberdade, designadamente pela liberdade de expressão, e o objetivo de deixar o mundo melhor do que o encontrou.
“Francisco Pinto Balsemão deixou o mundo melhor. Cumpre-nos seguir o seu legado”, afirmam os filhos no final da carta.
Francisco Pinto Balsemão, antigo líder do PSD, ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, morreu na terça-feira aos 88 anos.
Balsemão foi fundador, em 1973, do semanário o Expresso, ainda durante a ditadura, da SIC, primeira televisão privada em Portugal, em 1992, e do grupo de comunicação social Impresa, empresa que detém a estação televisiva e o jornal.
Em 1974, após o 25 de Abril, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata (PSD). Chefiou dois governos depois da morte de Sá Carneiro, entre 1981 e 1983, e foi, até à sua morte, membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República.
O velório de Francisco Pinto Balsemão realiza-se esta quarta-feira a partir das 18:30 em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos. A missa irá realizar-se na quinta-feira às 13:00, também no Mosteiro dos Jerónimos.
O velório e a missa são abertos ao público, sendo o funeral reservado à família.
“Uma figura incontornável na defesa do jornalismo” diz RTP
O Conselho de Administração da RTP manifestou hoje o seu mais profundo pesar pela morte de Francisco Pinto Balsemão, fundador do grupo Impresa, “uma figura incontornável na defesa do jornalismo livre, independente e rigoroso”.
Na nota de pesar, a administração da RTP, liderada por Nicolau Santos, “manifesta o seu mais profundo pesar pela morte de Francisco Pinto Balsemão, fundador e presidente do maior grupo privado de media em Portugal”.
Balsemão “é uma figura incontornável na defesa do jornalismo livre, independente e rigoroso, com um percurso que tem como marcos mais decisivos a fundação do semanário Expresso em 06 de janeiro de 1973 e posteriormente da SIC, o primeiro canal privado de televisão em Portugal, em 06 de outubro de 1992”, refere a RTP.
Ao longo do seu trajeto, Francisco Pinto Balsemão “sempre defendeu que a autonomia financeira dos projetos editoriais era essencial para preservar a sua independência de todos os poderes e deu provas de que aplicava a si mesmo essa defesa da liberdade de informação, mesmo quando era ele o objeto das notícias dos media”.
Sempre atento aos novos desenvolvimentos no setor, “dedicou os últimos anos a acompanhar as transformações radicais que o setor dos media foram conhecendo em todo o mundo, nomeadamente na área digital, com implicações profundas nos antigos modos de produção”, acrescenta.
A administração da RTP sublinha também que Balsemão “nunca deixou de se considerar jornalista e a prova disso é que ainda este ano conduziu um conjunto alargado de conversas com personalidades nacionais, disponibilizadas” sob a forma de podcasts.
“A ideia que transmitiu sucessivamente foi a de que gostaria, através de tudo o que realizou na sua vida, de deixar um mundo melhor do que aquele que tinha encontrado”, acrescenta.
“A Francisco Pedro Balsemão, atual CEO [presidente executivo] do grupo Impresa, aos seus familiares e a todos os colaboradores […], o Conselho de Administração da RTP apresenta as suas condolências”, lê-se na nota de pesar.
“Cumpre a todos os que trabalham no setor nunca deixar cair o exemplo e o legado de Francisco Pinto Balsemão em prol da independência dos media e da liberdade de informação dos jornalistas”, considera.
O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto de luto nacional de dois dias pela sua morte, a cumprir hoje e quinta-feira, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.
Balsemão foi uma personalidade incontornável da história dos media em Portugal, um jornalista que nunca deixou de ser político, tendo como fio condutor a luta pela liberdade de expressão e o direito a informar.
Portugal perdeu “figura maior” da democracia, dizem Paulo e Cláudia Azevedo
O ‘chairman’ e a presidente executiva (CEO) da Sonae afirmaram hoje à Lusa que Portugal perdeu na terça-feira uma “figura maior” da democracia e da sua liberdade com a morte de Francisco Pinto Balsemão, “um homem com visão”.
“O país perdeu ontem [terça-feira] uma figura maior da sua democracia e da sua liberdade”, disseram Paulo Azevedo e Cláudia Azevedo.
Francisco Pinto Balsemão “foi um homem de visão, coragem e serviço público — um dos construtores do Portugal moderno”, prosseguiram os dois gestores, numa mensagem conjunta à Lusa.
“No seu percurso político, teve um papel decisivo na consolidação da democracia, e como primeiro-ministro marcou uma era de compromisso institucional e de defesa dos valores democráticos”, sublinharam.
No jornalismo e nos media “deixou uma marca incomparável: fundador do Expresso e da SIC, foi pioneiro na criação de um espaço mediático livre, plural e de excelência”, destacam.
Paulo Azevedo e Cláudia Azevedo apontam que a “sua defesa intransigente da liberdade de imprensa foi, e continuará a ser, uma referência para todos os que acreditam que uma sociedade informada é a base de uma democracia sólida”.
Na Sonae, “reconhecemos em Francisco Pinto Balsemão um exemplo de liderança com propósito e impacto, cujos valores de independência, integridade e inovação espelham muitos dos princípios que procuramos viver no nosso dia a dia”.
A visão de Francisco Pinto Balsemão “ajudou a moldar o país onde crescemos, vivemos e construímos”, sublinham ainda.
“O país perde uma referência e a nossa família perde um amigo. À família Balsemão deixo, com enorme respeito e carinho, os nossos sentimentos e um abraço sentido”, remataram o presidente da Sonae e a CEO do grupo.
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