Localizadas a uma curta distância de Portugal, as Ilhas Cíes, no Parque Nacional das Ilhas Atlânticas, continuam a encantar visitantes com a sua beleza natural. No entanto, são também um símbolo de uma história esquecida, que inclui uma comunidade que habitou as ilhas nas décadas de 60 e 70, e esta praia que foi considerada a melhor do mundo pelos britânicos.
Um paraíso natural mesmo à porta dos portugueses
Conhecidas pelas suas praias de areia branca e águas cristalinas, as Ilhas Cíes tornaram-se ainda mais populares no início do século, depois de o jornal britânico The Guardian ter classificado a praia de Rodas como “a melhor do mundo”. No entanto, muito antes da fama internacional, estas ilhas já eram procuradas por quem procurava uma ligação mais pura com a natureza.
Durante várias décadas, pequenas comunidades instalaram-se nas Cíes e nesta praia. Sem grandes regras ou infraestruturas, montaram as suas próprias casas e viveram com poucos recursos. Na altura, a legislação permitia este tipo de ocupação informal, e a natureza servia de abrigo e sustento.
Com um extenso areal branco e águas azul-turquesa, esta praia destaca-se não só pela sua beleza quase intocada, mas também pela tranquilidade que oferece aos visitantes.
O “acampamento hippy” e a construção da liberdade
A última comunidade alí residente foi oficialmente classificada como “campistas livres”, embora entre os locais seja mais conhecida por “acampamento hippy”. Este grupo construiu abrigos com materiais disponíveis na ilha, como pedra e madeira, procurando resistir às intempéries e viver em harmonia com o ambiente.
Entre as construções destacava-se o abrigo da “Ermitaña”, um refúgio feito com pedras que terá servido de modelo para outros pequenos edifícios da ilha. Segundo o Huffpost, há sinais de muros orientados de norte a sul, possivelmente usados como fundações para habitações permanentes.
Limpeza necessária para preservar o que resta
A vegetação densa e o difícil acesso aos restos das construções têm dificultado a sua preservação. Nos últimos anos, os vestígios foram sendo engolidos pelo mato, o que levou especialistas a pedir uma limpeza urgente da zona, para que seja possível avaliar o estado real das estruturas.
Os investigadores acreditam que o Parque Nacional Marítimo-Terrestre das Ilhas Atlânticas, do qual a praia de Roda e as ilhas Cíes fazem parte desde os anos 80, deveria promover acções de conservação. Segundo a mesma fonte, o objetivo passa por valorizar este passado e garantir que não se perde mais um pedaço da história local.
Património com interesse turístico e cultural
A proposta inclui transformar os restos da comunidade hippy num ponto de interesse dentro do parque. Além de enriquecer o percurso dos visitantes, esta memória viva permitiria refletir sobre formas alternativas de habitar e respeitar a natureza.
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Uma herança escondida entre trilhos
Os caminhos que hoje conduzem os visitantes aos miradouros e praias paradisíacas passam muitas vezes perto das antigas construções. No entanto, poucos se apercebem do que ali existiu, já que a maioria das estruturas está coberta por vegetação.
Conexão histórica e geográfica com o sul
Apesar de estarem localizadas em Espanha, as Ilhas Cíes e a praia de Rodas são facilmente acessíveis a partir do norte de Portugal, sobretudo da zona do Minho. Para os visitantes do Algarve, a viagem poderá ser feita de carro até Vigo, seguindo-se um curto passeio de barco até às ilhas.
Uma viagem que junta natureza e história
Quem chega às Cíes encontra mais do que apenas a praia de Rodas, o arquipélago oferece trilhos, falésias, vistas impressionantes e agora também uma história por redescobrir, que poderá vir a ser valorizada como parte do património galego.
Valorizar o passado sem destruir o presente
Os especialistas reforçam que qualquer intervenção deve ser feita com o máximo respeito pelo ecossistema das ilhas. A recuperação dos vestígios deve obedecer a critérios de sustentabilidade, mantendo o equilíbrio entre o turismo e a conservação ambiental.
Se o projeto avançar, as Ilhas Cíes poderão reforçar a sua atratividade não apenas pelas paisagens de cortar a respiração, mas também pelo valor histórico ligado a uma antiga comunidade que ali procurou uma vida livre e desligada das convenções.
Esta redescoberta representa uma oportunidade rara de valorizar capítulos menos conhecidos da história recente, situados a escassas dezenas de quilómetros da fronteira portuguesa. Para quem parte de Portugal, o convite está feito: explorar não só o legado dos “hippies” galegos, mas também desfrutar da Praia de Rodas.
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