Ricas em vitaminas, fibras e antioxidantes, as frutas desempenham um papel fundamental na prevenção de doenças e na promoção da saúde ao longo da vida. Um estudo publicado na revista Preventing Chronic Disease, dos CDC, e conduzido por investigadores da Universidade William Paterson, nos Estados Unidos, avaliou 47 alimentos de origem vegetal; 41 atingiram o critério mínimo de densidade nutricional e foram classificados como “Powerhouse”. Entre as frutas, a que se destacou como a fruta mais saudável foi um fruto que muitos nem identificam como tal. O artigo, de 2014, liderado pela socióloga Jennifer Di Noia, soma hoje mais de 600 citações no Google Scholar, prova do seu elevado impacto académico.
Como foi conduzido o estudo
A equipa analisou os 47 alimentos com base em 17 nutrientes essenciais para a saúde pública: fibras, proteínas, cálcio, ferro, potássio, zinco, tiamina, riboflavina, niacina, folato e as vitaminas A, B6, B12, C, D, E e K. A métrica usada foi a densidade nutricional, isto é, a quantidade desses nutrientes por 100 kcal de alimento.
Os alimentos que obtiveram uma pontuação igual ou superior a 10 foram classificados como “Powerhouse Fruits and Vegetables”, expressão que designa alimentos com elevado teor de nutrientes por caloria. Dois frutos destacaram-se com pontuações superiores a 18.
Dois frutos à frente de todos os outros no ranking nutricional
De acordo com os resultados, o tomate é a fruta mais saudável porque obteve a pontuação mais elevada entre as frutas, com 20,37 pontos, ficando atrás de vários vegetais mas à frente de todas as restantes frutas avaliadas. Apesar de muitos o tratarem como legume no dia a dia, botanicamente é um fruto, pois desenvolve-se a partir do ovário da flor e contém sementes.
A sua classificação elevada justifica-se pela abundância de licopeno, antioxidante associado à prevenção de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de cancro, bem como pela presença significativa de vitamina C, potássio e folato, nutrientes importantes mesmo em quantidades relativamente baixas de calorias.
Limão: o fruto mais reconhecido, em segundo lugar
Em segundo lugar surge o limão, considerado a fruta mais saudável a seguir ao tomate, com 18,72 pontos, ficando à frente de opções populares como a maçã, a banana ou a laranja. O estudo menciona apenas o termo “lemon”, sem especificar a variedade, embora nos Estados Unidos esta designação costume referir-se ao limão-siciliano, de casca amarela e sabor mais suave do que o limão-taiti, mais comum em Portugal.
Segundo dados da base de dados nutricional do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o limão-siciliano apresenta elevados teores de vitamina C e flavonoides como a hesperidina, a eriocitrina e o limoneno, compostos reconhecidos pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias (USDA FoodData Central, 2023).
Além disso, estudos como o de Carr e Maggini (2017), publicado na revista Nutrients, confirmam que a vitamina C contribui para o normal funcionamento do sistema imunitário e atua como agente antioxidante, protegendo as células contra o stress oxidativo.
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Benefícios comprovados do limão
O limão é também um aliado na absorção de ferro de origem vegetal e na regulação intestinal, graças à presença de fibras solúveis. Apesar do seu sabor ácido, após metabolizado exerce um efeito alcalinizante no organismo, o que pode favorecer o equilíbrio do pH corporal e a saúde digestiva.
Este efeito tem sido valorizado por nutricionistas como complemento a uma alimentação variada, embora não deva ser visto como solução isolada para questões de saúde.
Entre o senso comum e a ciência: o que os dados revelam
O tomate, o limão e outros alimentos classificados como “Powerhouse” desafiam ideias preconcebidas sobre o que é ou não considerado saudável. Frutos menos valorizados no consumo diário destacaram-se acima de opções mais populares, e no caso do tomate, chegou mesmo a ser identificado como a fruta mais saudável entre as avaliadas. O estudo de Jennifer Di Noia trouxe uma nova perspectiva sobre a densidade nutricional, ajudando a orientar escolhas alimentares mais fundamentadas em dados científicos.
Como consumir o limão de forma segura
O limão pode ser incluído na alimentação diária de múltiplas formas: diluído em água, como tempero, em infusões ou através da raspa da casca em sobremesas ou pratos salgados.
No entanto, o consumo regular de sumo de limão puro, especialmente em jejum, pode causar erosão do esmalte dentário e irritação gástrica. De acordo com a Academia de Nutrição e Dietética dos Estados Unidos (Academy of Nutrition and Dietetics), é recomendável diluí-lo e evitar o contacto direto e prolongado com os dentes, sobretudo em pessoas com sensibilidade digestiva.
Variedade e equilíbrio continuam a ser essenciais
Apesar de o tomate e o limão liderarem o ranking do estudo, a densidade nutricional é apenas um dos critérios para uma dieta equilibrada.
O modo de preparação, a variedade dos alimentos e o perfil individual de cada pessoa também desempenham um papel central na saúde.
A lista de “Powerhouse Fruits and Vegetables” pode oferecer uma ferramenta útil para apoiar escolhas alimentares mais informadas, mas não deve ser interpretada como um ranking absoluto de “superalimentos”.
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