A polémica instalou-se no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), mais concretamente no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.
Depois da médica interna Diana Pereira ter denunciado alegados casos de erros e de negligência médica, o Ministério Público instaurou um inquérito que corre termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Faro. Este inquérito surgiu na sequência da queixa efetuada pela médica interna na Polícia Judiciária sobre “11 casos ocorridos entre janeiro e março” no hospital de Faro de “erro/negligência” no serviço de cirurgia.
Segundo a médica, dos casos relatados de 11 doentes, “três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida”.
Entretanto, o cirurgião e principal alvo das denúncias de más práticas pela médica Diana pediu suspensão temporária alegadamente por “pressão e stress”. A público veio, igualmente, que o cirurgião orientador da formação da médica Diana já tinha anteriormente duas queixas apresentadas contra si.
Já o diretor clínico, Horácio Guerreiro, tinha revelado que em “dois ou três casos reportados pela médica”, não encontrou na análise que fez, nada que seja de flagrante má prática. No entanto, disse não querer com isto antecipar-se ao instrutor, à Ordem dos Médicos, nem a outras entidades que têm a seu cargo o apuramento das denuncias.
Já esta terça-feira, a médica Diana diz, numa publicação nas redes sociais, que compilou mais de uma centena de denúncias que recebeu, num único documento, para entregar na Comissão de Saúde da Assembleia da República.
Porque o POSTAL entendeu ser de notório interesse público ouvir a administração do CHUA, após contacto telefónico, enviou para o gabinete de imprensa um questionário com perguntas dirigidas à administração do CHUA, mas, até ao fecho desta edição, não obteve as respostas às questões que os nossos leitores gostariam de ver respondidas e que aqui deixamos publicadas.
Perguntas feitas à administração do CHUA que aguardam respostas:
O CHUA tem os serviços clínicos inspecionados por autoridades reconhecidas, além da Ordem dos Médicos cuja avaliação apenas serve para atribuir idoneidade a serviços.
1 – Que medidas tem o CHUA instituídas para garantir a segurança dos doentes?
2 – Todos os doentes internados estão providos de uma pulseira de plástico com o nome, data de nascimento e número do hospital ou do SNS?
3 – No último mês, pode dar informação segura e correta de quantos doentes foram conduzidos ao bloco operatório com uma identidade errada?
4 – No último mês, pode dar informação segura e correta de quantos doentes foram operados ou foi iniciada cirurgia no lado errado do corpo (membros superiores ou inferiores, olhos, ouvidos, etc)?
5 – Em 2023, pode dar informação segura e correta de quantos doentes receberam uma transfusão de sangue errada?
6 – Em 2023, pode dar informação segura e correta de quantos doentes receberam nas enfermarias do CHUA comprimidos ou infusões destinadas a outros doentes?
7 – É feita uma auditoria mensal ou bimensal, exacta e eficaz, sobre mortalidade e morbilidade, cirúrgicas ou médicas em todos os serviços?
8 – Que medidas são tomadas quando morre um doente no bloco operatório ou dentro de 30 dias de uma cirurgia?
9 – Qual foi o número de queixas recebidas directa ou indiretamente referentes ao CHUA durante o ano 2022?