Muitos portugueses vão voltar a encontrar um salário mais elevado do que o habitual no mês de setembro. O motivo está nas novas tabelas de retenção na fonte do IRS, aplicadas com retroativos, que aumentam o rendimento disponível. Mas a boa notícia não será eterna: a partir de outubro, as retenções regressam aos valores “normais”, ainda que mais baixos do que os praticados até agora.
Segundo o Governo, este alívio sentido em agosto e setembro acontece porque os ajustamentos no salário tiveram efeitos retroativos e, por isso, os trabalhadores viram refletido de uma só vez o que não tinha sido processado nos meses anteriores. Em outubro, as tabelas estabilizam, mas o desagravamento mantém-se face ao passado.
O que muda nas taxas do IRS
As novas tabelas aprovadas descem ligeiramente as taxas em praticamente todos os escalões de rendimento. A taxa do primeiro escalão passou de 13% para 12,5%, a do segundo caiu de 16,5% para 16% e a do terceiro baixou de 22% para 21,5%. O quarto escalão reduziu de 25% para 24,4%, o quinto desceu de 32% para 31,4% e o sexto passou de 35,5% para 34,9%. Já o sétimo escalão passou de 43,5% para 43,1% e o oitavo recuou de 45% para 44,6%. Apenas a taxa do último escalão se mantém inalterada, nos 48%.
De acordo com o Ministério das Finanças, esta descida abrange todos os contribuintes abrangidos pelo IRS devido ao princípio da progressividade: quando os escalões mais baixos são ajustados, todos os restantes beneficiam.
Quanto pode poupar cada contribuinte
O impacto varia consoante os rendimentos e a composição do agregado familiar. Simulações oficiais apontam que um casal com dois filhos e salários de 1.500 euros cada terá uma poupança anual de cerca de 165 euros em IRS face ao previsto no Orçamento do Estado para 2025.
Já um casal sem dependentes pode poupar entre 67 euros anuais (quando cada elemento ganha 1.000 euros brutos por mês) e 414 euros (quando cada titular recebe 3.000 euros mensais).
No caso de contribuintes solteiros sem dependentes, a redução vai dos 34 euros por ano (salários de 1.000 euros) aos 207 euros (salários de 3.000 euros).
Também os pensionistas beneficiam: a poupança pode ir de 34 euros por ano (para pensões de 1.000 euros) até 208 euros (para pensões de 3.000 euros).
Outubro traz contas diferentes
Apesar de o reforço ser mais evidente nos salários de agosto e setembro, a descida nas taxas mantém-se em vigor ao longo de 2025. A diferença é que, a partir de outubro, já não haverá o efeito retroativo que aumentou os rendimentos nos últimos dois meses.
A empresa PwC, Especialistas em fiscalidade, lembram que, mesmo assim, o desagravamento será sentido todos os meses, embora de forma mais moderada. Um trabalhador solteiro e sem filhos, com salário de 1.000 euros, pagará menos 34 euros de imposto por ano do que com as tabelas anteriores.
O Governo sublinha que o objetivo destas alterações é aumentar o rendimento líquido dos contribuintes e aliviar a carga fiscal das famílias, ainda que sem mexer na taxa máxima de 48%.
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