Os bancos elevaram os juros cobrados nos novos créditos para a compra de casa que concederam em fevereiro. O movimento, explica o Banco de Portugal, reflete já a subida das taxas Euribor.
“A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação subiu para 0,87% (0,81% em janeiro), em linha com a subida das taxas Euribor” indica o comunicado divulgado esta quinta-feira, 31 de março, pela autoridade monetária.
Esta taxa de juro média é a mais elevada desde outubro de 2020 e segue-se a cerca de um ano em que se manteve sempre próxima de 0,8%. A taxa média resultou dos 1275 milhões de euros que os bancos concederam em fevereiro para financiar a compra de habitação. Ainda assim, a taxa de juro fica abaixo da praticada na zona euro, cuja média estava, em janeiro, em 1,34% (ainda não há dados para fevereiro).
A subida das Euribor nos vários prazos tem influência nas prestações que os portugueses pagam para devolver o crédito à habitação, já que na maior parte aquela taxa interbancária serve de indexante dos empréstimos à habitação.
Além disso, os créditos também deverão registar um agravamento das prestações a partir de abril, já que entra esta sexta-feira em vigor o novo limite imposto pelo Banco de Portugal, que vai condicionar os prazos dos empréstimos à idade do mutuário.
JUROS PARA EMPRESAS SOBEM, DESCEM NO CONSUMO
“No crédito ao consumo, a taxa de juro média desceu para 7,71% (7,76% no mês de janeiro)”, acrescenta o Banco de Portugal. Ainda assim, é a segunda taxa mais elevada desde fevereiro de 2020. Houve 453 milhões de euros de novos créditos ao consumo em fevereiro. Juntamente com os 1275 milhões para habitação e os 212 milhões para outros fins, os novos empréstimos aos particulares totalizaram 1940 milhões de euros.
Nas empresas, também houve um agravamento dos juros nas novas operações.
“Em fevereiro, o montante de novos empréstimos concedidos pelos bancos às empresas foi de 1343 milhões de euros a uma taxa de juro média de 2,02% (1,90% em janeiro)”, acrescenta o Banco de Portugal. Houve uma descida significativa nos empréstimos até 1 milhão de euros, agravando-se nos créditos de montante superior.
DEPÓSITOS COM REMUNERAÇÃO INTACTA
Enquanto os juros nos créditos mexem, nos depósitos nem por isso. No que diz respeito aos particulares, há até um recorde negativo renovado na remuneração.
“O montante de novos depósitos de particulares foi de 3596 milhões de euros, mais 287 milhões do que em fevereiro de 2021. A taxa de juro média manteve-se no mínimo histórico de 0,04% pelo quarto mês consecutivo”, conta o Banco de Portugal.
Já nas empresas, os novos depósitos ascenderam a 776 milhões de euros, remunerados a uma taxa de juro média de 0,06%. É o terceiro mês consecutivo neste valor. Na zona euro, a taxa de juro continua negativa desde agosto de 2019, lembra a autoridade monetária – em Portugal, não é possível aplicar uma taxa negativa nos depósitos, mesmo de grandes empresas.