A Google vai começar a disponibilizar um novo serviço de ofuscação de cartões bancários, a fim de evitar a fuga de dados que podem ser aproveitados para burlas e fraudes. O serviço vai estrear em breve nos EUA, através de uma parceria com a Visa, American Express e Capital One. Mais para o final do ano, segue-se a estreia com a Mastercard ainda nos Estados Unidos.
Durante 2023, este serviço, que evita que números de cartões de crédito sejam comunicados para entidades terceiras ou intrusos, deverá expandir-se para o resto do mundo. Numa sessão de antecipação das novidades da conferência anual I/O, que arrancou esta quarta-feira, a Google fez saber ainda que vai permitir personalizar anúncios e retirar dados pessoais de pesquisas do maior motor de busca da Internet.
O serviço Virtual Cards vai ser disponibilizado gratuitamente para os internautas, mas pressupõe a adesão dos serviços de transações eletrónicas, e apenas está disponível no browser Chrome e no sistema operativo Android. O Virtual Cards recorre a técnicas de ofuscação que substituem os dados reais que ativam cada transação por elementos identificadores que apenas estão na posse das entidades que suportam o envio dos montantes em causa.
Deste modo, se os identificadores forem desviados, devido a um ataque a um telemóvel ou a um computador, não será possível que um eventual burlão efetue compras com os dados dos cartões bancários.
As medidas de reforço da privacidade também já não deverão demorar muito a produzir efeito nos resultados que surgem nas pesquisas do Google. Em breve, a gigante da Internet vai permitir que cada internauta solicite a remoção de moradas físicas ou eletrónicas, bem como contactos de telefone que surjam nas pesquisas relacionadas com a sua pessoa.
A lógica de privacidade controlada à medida de cada internauta também vai abrir caminho à estreia de controlos que permitem decidir que tipo de anúncios se justifica ou não aparecerem nas páginas, serviços e apps geridas pela Google (mas não nos sites terceiros que recorrem às plataformas de anúncios disponibilizadas pela Google). Esta personalização deverá surgir num ícone junto a cada anúncio, que dá acesso a várias ferramentas de personalização. Esta opção pode ser ativada a partir de todos os sistemas operativos, desde que estejam em causa serviços da Google.
Além das ferramentas que limitam a fuga de dados, há também um reforço da cibersegurança: de ora em diante, os serviços de alerta para links ou conteúdos suspeitos, que podem abrir caminho aos ciberataques, passam também a estar disponíveis no Gmail, e também nas ferramentas Google Docs, Sheets, e Slides, que permitem que vários utilizadores trabalhem remotamente em ficheiros alojados na Web.
Os responsáveis da gigante tecnológica informaram ainda que, nos próximos tempos, é possível que os internautas se venham a deparar com um ícone de um escudo com um ponto de exclamação junto à foto de utilizador, sempre que há uma qualquer uma situação de risco ou uma ação recomendada para evitar potenciais vulnerabilidades ou fugas de dados.
A Google aproveitou ainda a ocasião para confirmar que está de pedra e cal no acordo firmado, recentemente, com a Apple e a Microsoft com o objetivo de acabar com palavras-passe para passar para um modelo de autenticação baseado no dispositivo usado. Esta mudança de paradigma deverá acelerar com a possibilidade de migração de todos os utilizadores que ainda usam passwords para os sistemas de dupla autenticação.
Segundo a Google, nos 150 milhões de utilizadores que já usam esta tecnologia dentro da marca, registou-se um decréscimo assinalável de usurpação de contas. Apesar da aposta no fim das passwords, os responsáveis da Google recordam que a nova tendência se vulgarizar à escala mundial, será necessário que outros serviços, além das três grandes marcas, passem a usar autenticação sem passwords.
Todas estas medidas fazem parte de um plano que a Google tem vindo a implementar para reforçar a privacidade e a cibersegurança. Este plano tem uma duração de cinco anos e um orçamento total de 10 mil milhões de dólares (9,49 mil milhões de euros).
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL