Com o envelhecimento da população e a crescente escassez de mão de obra qualificada, vários países europeus procuram novas formas de manter os trabalhadores mais velhos ativos e aliviar a pressão sobre os sistemas de pensões. Este país da UE vai, com base nestes fatores, garantir melhores condições para os reformados que escolherem continuar a trabalhar.
A Alemanha, cuja economia enfrenta sérios desafios demográficos, prepara agora um incentivo fiscal inédito para encorajar os reformados a continuar a trabalhar depois da idade legal da reforma.
Segundo o jornal britânico Financial Times, o Governo de Friedrich Merz vai permitir que os alemães que optem por permanecer no mercado de trabalho possam ganhar até dois mil euros por mês livres de impostos, medida que deverá entrar em vigor a 1 de janeiro de 2026.
Um incentivo para travar a falta de mão de obra
O projeto de lei, que será apresentado e votado esta quarta-feira, surge como resposta ao envelhecimento acelerado da população e à diminuição da força laboral. “O mercado de trabalho alemão está a enfrentar desafios estruturais como resultado das mudanças demográficas”, lê-se na proposta legislativa.
A geração dos “baby boomers”, nascidos entre 1946 e 1964, está a aproximar-se da reforma, enquanto menos jovens entram na força de trabalho, acentuando o défice de trabalhadores qualificados em vários setores.
Até 9% da força laboral prestes a reformar-se
De acordo com as estimativas do Governo, cerca de 9% da atual força de trabalho poderá reformar-se até 2035, o que aumentará a pressão sobre as contas públicas e o sistema de pensões, refere a mesma fonte.
A nova medida pretende, por isso, reter profissionais experientes, assegurando a continuidade de competências valiosas e reduzindo o impacto económico do envelhecimento demográfico.
Impacto económico e custo previsto
Com este incentivo fiscal, o executivo alemão quer reforçar a competitividade das empresas e aumentar o rendimento disponível dos trabalhadores mais velhos, impulsionando o consumo interno.
O custo estimado é de 890 milhões de euros anuais, podendo beneficiar até 340 mil pessoas. Apesar do impacto orçamental, Holger Schmieding, economista-chefe do Banco Berenberg, acredita que “os efeitos positivos no crescimento da economia alemã e nas contribuições sociais deverão mais do que compensar os custos dentro de dois ou três anos”.
Reforma mais tardia e futuro do trabalho
Atualmente, a idade legal de reforma é de 65 anos, mas aumentará gradualmente para 67 até 2031. O novo incentivo deverá mudar o comportamento de muitos trabalhadores, prolongando a sua permanência no mercado e reduzindo a pressão sobre o sistema de segurança social, refere o Financial Times.
Num contexto em que a Europa se confronta com o envelhecimento populacional, a estratégia alemã poderá servir de modelo para outros países que enfrentam os mesmos desafios de sustentabilidade económica e laboral.
















