“Oferenda do Passado” é como se intitula o novo livro de poesia publicado por Cristina Rodrigues, que desde muito jovem despertou para a escrita.
“Não planeei publicar o livro, disse ao POSTAL, tinha os poemas datilografados guardados na gaveta há mais de 30 anos. Há poucos meses, tomei conhecimento de que a editora Poesia fã Clube tinha um post no Facebook dirigido a todos aqueles que se quisessem candidatar a publicar um livro de poesia. No momento senti um apelo de ressuscitar as minhas obras adormecidas. Passei um sábado inteiro a inserir os poemas no computador e à noite enviei para a editora. Na segunda-feira seguinte por volta da hora do almoço recebi a confirmação de que tinham sido selecionados para publicação”.
A vocação da escrita também chegou sem se fazer anunciar. Na escola, quando frequentou a então denominada 4ª Classe, fez uma quadra no final de uma redação sobre o Carnaval: “Carnaval é uma festa / Com fitas e papelinhos / Até no ar há uma festa / No voar dos passarinhos”. Desde então, a professora não parou de incentivá-la a criar rimas. Seguiu-se um poema mais longo sobre o Outono. “Muitas vezes, no final da aula, arrumávamos os cadernos e a professora mandava-me para o quadro para que eu fizesse poemas e os declamasse aos colegas. A minha mente ficava em branco. Era muita pressão e pouca inspiração”, lembrou.
Aos 13 anos, enviou uma carta para uma editora apresentando um trabalho, pedindo uma oportunidade de publicação. Ficou muito feliz quando viu que tinha merecido uma resposta, mas era negativa. Outras tentativas se seguiram, sem sucesso. “Logo fui crescendo e percebi que era preciso ser adulto e conhecer as pessoas certas para abrir portas – recorda – mas acho que hoje as coisas são diferentes. Embora conhecer alguém ajude, muitas portas se abriram para os autores desconhecidos”.
Os poemas que fazem parte da “Oferenda do Passado” foram escritos quando trabalhava em Castro Marim, como administrativa nos serviços da Direção Regional de Agricultura. “Lembro-me que nos intervalos do atendimento, entre uma tarefa e outra, rabiscava numa folha de papel e, em poucos minutos, os poemas surgiam, nem sei como. Depois datilografava-os. Naquele tempo, ainda não era corrente o uso de computador. Tinha que escrever primeiro à mão para me inspirar”, conta Cristina Rodrigues.
Em 1992, surgiu uma oportunidade de publicação, através da Extensão Educativa de Castro Marim, com o patrocínio da Câmara Municipal daquele concelho e da Caixa Geral de Depósitos. Foi o primeiro livro, com o título “Nascente”, que descreve como “pequeno, mas grandioso, porque foi a concretização de um sonho”.
Seguiu-se um percurso profissional na área do jornalismo durante oito anos, na redação do jornal Postal do Algarve e posteriormente a advocacia, que se mantém até hoje. “Sempre exerci funções ligadas à escrita, mas com estilos bem diversos”, observou.
Neste momento, Cristina Rodrigues está certa de que algo no seu percurso de vida fez despertar a veia literária que estava em suspenso desde a década de 90 e anuncia que a “Oferenda do Passado” será o início de outros projetos que, esses sim, estão a ser planeados.
Quem quiser conhecer o conteúdo da “Oferenda do Passado” pode adquirir o livro através da editora.