Um vídeo publicado no TikTok está a gerar discussão entre os utilizadores portugueses. Na gravação, uma emigrante radicada em Portugal partilha a sua opinião sobre as cidades algarvias e não poupa nas críticas à capital da região. “Vocês já pararam para pensar que Faro é a cidade mais sem graça do Algarve?”, questiona, antes de justificar o comentário comparando a cidade com outras localidades vizinhas.
De acordo com o vídeo partilhado pela utilizadora @dayara_mattos, “Albufeira tem montes de falésias e praias rochosas, assim como Portimão. Até Olhão tem montes de ilhas que pode visitar. Faro tem o quê? Tem a cidade velha e depois tem uma praia assim sem graça, quase não tem nada”. As declarações rapidamente se tornaram virais, abrindo espaço a uma nova discussão sobre o papel e a visibilidade de Faro no contexto turístico do Algarve.
A cidade que muitos apenas atravessam
Apesar de ser a capital administrativa da região, Faro é frequentemente vista apenas como ponto de passagem para quem chega de avião ao sul do país. Segundo o blog de viagens Vaga Mundos, a cidade é muitas vezes “insuficientemente apreciada”, com muitos visitantes a optarem por destinos mais conhecidos, como Albufeira ou Lagos.
No entanto, a mesma publicação defende que Faro “tem muito mais para oferecer do que se julga”. A cidade combina património histórico, natural e cultural, e revela uma identidade própria, marcada tanto pelo dinamismo contemporâneo como pela herança do passado.
Entre muralhas e ruelas
O centro histórico de Faro divide-se em três bairros principais: Vila Adentro, Mouraria e Bairro Ribeirinho. De acordo com o mesmo blog, um passeio pela Vila Adentro é uma das experiências mais marcantes da cidade. As ruas empedradas e estreitas conduzem o visitante por entre edifícios quinhentistas e praças onde se cruzam séculos de história.
As muralhas, que remontam ao período tardo-romano, guardam as marcas da ocupação moura, da reconquista cristã e até do terramoto de 1755. O Arco da Vila, reconstruído em estilo neoclássico, é apontado pela mesma fonte como uma das entradas mais emblemáticas do centro histórico, integrando no seu interior o único arco árabe em ferradura preservado no local original no Algarve.
Património e modernidade lado a lado
No Largo da Sé, a Sé Catedral de Faro impõe-se como símbolo da cidade. O templo ergue-se sobre antigas fundações romanas e árabes e exibe traços renascentistas e barrocos. A vista panorâmica a partir da torre permite observar as ilhas e canais da Ria Formosa, reforçando o valor natural que rodeia a capital algarvia.
Nas proximidades, a antiga Fábrica da Cerveja, um edifício de betão armado do século XX, ergue-se como testemunho da industrialização local. O espaço integrado nas muralhas marca a transição entre o património histórico e a nova dinâmica urbana que Faro tem procurado afirmar.
Praias que desmentem o estereótipo
Quanto ao argumento de que Faro “quase não tem nada”, as praias parecem contrariar a ideia. A Praia de Faro, situada na Península do Ancão, é acessível de carro e dispõe de todas as infraestruturas de apoio. Mais adiante, a Praia da Barrinha oferece um percurso pedonal sobre passadiços até uma língua de areia com vista para a Barra de São Luís.
Segundo o Vaga Mundos, a Praia da Barreta, que se encontra na ilha Deserta, é um “santuário de sossego” e o ponto mais a sul de Portugal continental.
A ausência de construções e a presença de apenas um restaurante tornam-na um destino singular para quem procura tranquilidade e um dos melhores exemplos de como Faro é, afinal, mais do que aparenta.
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