O sector agrícola no Algarve tem atravessado um processo de transformação, impulsionado pela escassez de recursos hídricos, pelas alterações climáticas e pela necessidade de diversificação produtiva. Tradicionalmente associado a culturas como a laranja, a alfarroba e, mais recentemente, o abacate, o território procura hoje alternativas mais sustentáveis e com maior valor acrescentado. Este fruto, mais conhecido como “fruta do dragão” devido ao seu aspeto peculiar, começa a ganhar terreno nas explorações agrícolas do Algarve.
Um dos exemplos mais promissores nesta nova etapa é o cultivo da pitaia, também conhecida como “fruta do dragão”. A planta tropical, de origem centro-americana, pertence à família dos cactos e começa a ganhar expressão em território algarvio.
Investigação em Vila Nova de Cacela testa a adaptação da planta
Segundo a mesma fonte, o cultivo da pitaia está a ser acompanhado por investigadores no campo experimental da universidade, instalado nos arredores de Vila Nova de Cacela, no concelho de Vila Real de Santo António.
O projeto é financiado por fundos europeus e visa testar a viabilidade da cultura em diferentes condições, tanto em estufas como ao ar livre, numa região onde a gestão da água é cada vez mais crítica.
Potencial para o clima do sul e interesse dos produtores
Em declarações à agência Lusa, o professor Amílcar Duarte, responsável pelo projeto, destacou a resiliência da pitaia ao clima quente e seco do Algarve, desde que seja protegida contra geadas.
A planta adapta-se bem ao solo local e apresenta um ciclo produtivo compatível com os recursos disponíveis. Segundo a mesma fonte, estas características têm despertado o interesse de agricultores locais, sobretudo pequenos produtores à procura de culturas mais rentáveis.
Fruta com potencial económico e procura crescente
Embora o cultivo da pitaia em Portugal não seja novo, só recentemente começou a adquirir dimensão económica. O produto nacional tem vindo a ganhar espaço nos mercados locais e já é comercializado a preços que chegam aos oito euros por quilo.
A agrónoma Ana Rita Trindade, também envolvida no projeto, sublinha que a principal vantagem da produção local está na frescura. Como o tempo entre a colheita e o consumo é reduzido, o sabor e a qualidade são superiores aos da fruta importada.
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Aceitação por parte do consumidor evoluiu nos últimos anos
A pitaia foi inicialmente recebida com alguma estranheza por parte dos consumidores, devido ao seu aspeto pouco convencional. No entanto, o seu perfil nutricional e a versatilidade de consumo contribuíram para uma aceitação gradual no mercado nacional.
O fruto é hoje procurado não só pela aparência exótica, mas também pelos benefícios para a saúde.
Alimento com valor nutricional e aplicações diversas
A pitaia é rica em fibras, antioxidantes e vitamina C. O seu consumo tem sido associado a propriedades anti-inflamatórias e à promoção da saúde digestiva.
É especialmente popular durante os meses de verão, devido ao seu sabor doce e refrescante. Pode ser consumida ao natural, em sumos, sobremesas ou saladas, o que amplia o seu apelo gastronómico.
Possibilidade de exportação no futuro
Com um mercado interno ainda em crescimento, o futuro da produção de pitaia no Algarve poderá passar também pela exportação.
Segundo os investigadores envolvidos, a fruta tem características valorizadas em mercados internacionais, sobretudo no centro e norte da Europa, onde o interesse por produtos exóticos e sustentáveis é elevado.
Uma resposta agrícola adaptada ao novo contexto climático
Neste momento de transição e adaptação, este fruto representa uma alternativa agrícola ajustada às exigências climáticas do Algarve.
A conjugação de baixos consumos hídricos, resistência a temperaturas elevadas e elevado valor de mercado faz deste fruto uma aposta cada vez mais considerada no Algarve por quem investe na terra.
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