Quando um dos motores do avião falha durante um voo, isso não significa necessariamente uma situação de emergência grave. Os aviões são projetados para conseguir planar em segurança, mesmo sem motor, e não caem abruptamente do céu. Na realidade, a legislação exige que uma aeronave comercial consiga completar o trajeto com apenas um motor em funcionamento. O segundo motor existe como redundância, garantindo que o avião continue apto a voar, embora com um desempenho reduzido.
Pode parecer surpreendente, mas os jatos frequentemente descem em “flight idle”, ou seja, com os motores a funcionar no mínimo, sem praticamente gerar propulsão. Apesar de os motores continuarem ligados e a alimentar os sistemas principais, a força de impulso gerada é quase nula. Isto significa que, mesmo sem se aperceber, já esteve várias vezes num avião em regime de voo planado.
E se ambos os motores deixarem de funcionar?
O que acontece quando ambos os motores deixam de funcionar? Apesar de parecer um cenário preocupante, a perda total de propulsão não provoca uma queda imediata, refere a Leak. O design aerodinâmico do avião permite-lhe continuar no ar durante um período significativo. As asas são concebidas para criar sustentação, manipulando o fluxo de ar. O formato das asas faz com que o ar se desloque mais rapidamente pela parte superior, reduzindo a pressão e gerando uma força de elevação.
Procedimentos dos pilotos em caso de falha total
Num caso de falha total de motores do avião, os pilotos seguem procedimentos específicos para controlar a descida. Ajustam a altitude e aumentam ligeiramente a velocidade do avião para evitar uma paragem aerodinâmica (stall), mantendo assim o controlo até uma eventual aterragem de emergência.
Falhas duplas são extremamente raras
Falhas duplas de motor são extremamente raras. A segurança na aviação tem vindo a evoluir ao longo das décadas, tornando-a uma das formas de transporte mais seguras do mundo. As manutenções rígidas e a tecnologia avançada minimizam significativamente a probabilidade de ocorrências deste tipo.
Exemplos de aviões que conseguiram planar
Há vários casos documentados de aviões que conseguiram continuar a voar após falhas nos motores. Um dos exemplos mais conhecidos é o voo 009 da British Airways. Durante o sobrevoo do Monte Galunggung, a aeronave atravessou uma nuvem de cinzas vulcânicas, o que levou à paragem dos quatro motores.
O capitão Eric Moody informou os passageiros com uma comunicação icónica: “Temos um pequeno problema — os quatro motores pararam. Estamos a fazer todos os possíveis para os reativar.”
Os pilotos conseguiram manter a calma e calcularam que, a uma altitude de 37 mil pés, o avião poderia planar durante aproximadamente 23 minutos, percorrendo cerca de 91 milhas náuticas (equivalente a cerca de 105 milhas terrestres). Felizmente, os motores acabaram por ser reativados e o voo aterrou em segurança.
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O voo 236 da Air Transat
Outro incidente ocorreu em 2001, com o voo 236 da Air Transat, que fazia a ligação entre Toronto e Lisboa. A aeronave perdeu os motores a uma altitude de 33 mil pés devido a uma fuga de combustível. Apesar da falha total da propulsão, os pilotos conseguiram planar durante cerca de 75 milhas e aterrar em segurança na base das Lajes, nos Açores.
Estes exemplos demonstram que a perda de motores, embora rara, pode ser gerida com sucesso por tripulações bem treinadas. O planeamento cuidadoso e os procedimentos de emergência permitem que os aviões aterrem em locais seguros, minimizando riscos para passageiros e tripulação.
Tecnologia sempre em progressão
Por outro lado, a tecnologia de aviação continua a avançar para evitar situações deste tipo. Os motores modernos são testados em condições extremas para garantir a sua fiabilidade. Além disso, as aeronaves comerciais possuem sistemas que monitorizam continuamente o desempenho dos motores e enviam alertas atempados para manutenção preventiva.
A segurança também depende da comunicação eficiente entre pilotos e controlo de tráfego aéreo. Quando ocorrem problemas, os pilotos seguem protocolos estabelecidos para escolher a melhor opção de aterragem, seja num aeroporto alternativo ou numa pista de emergência.
Outros fatores importantes para a planagem
Além dos motores, outros fatores podem influenciar a capacidade do avião de continuar a voar. A estrutura da aeronave, o peso, as condições meteorológicas e a altitude são elementos determinantes na capacidade de planagem.
Por isso, quem viaja de avião pode sentir-se seguro, até mesmo com falhas num ou vários motores. Os protocolos de emergência, o treino rigoroso dos pilotos e os avanços tecnológicos garantem que, mesmo em situações imprevistas, há sempre soluções para manter a segurança no ar.
Um dos meios de transporte mais seguros
Com o rigor das normas internacionais, a aviação moderna está preparada para enfrentar e superar falhas de propulsão sem comprometer a segurança dos passageiros. Assim, voar continua a ser um dos meios de transporte mais confiáveis do mundo.
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