Dei tanto ao PSD, como o PSD me deu a mim. Estamos quites
Agora, aos 69 anos, Desidério Silva volta para disputar como independente a autarquia ao seu antigo partido. Diz que deu tanto ao PSD, como o PSD a si. “Estamos quites”. E quer ganhar com maioria absoluta
P – Oito anos depois de ter deixado a autarquia, que razões o motivam agora a regressar à presidência da Câmara de Albufeira?
R – A minha saída em 2012 deveu-se ao facto de a 11 meses do final do mandato estar impossibilitado pela lei de me recandidatar. A possibilidade de continuar a lutar pelo desenvolvimento de Albufeira, através da Região de Turismo do Algarve, pelo peso do turismo no tecido económico da cidade, foi uma motivação maior para ter saído naquele momento. Passados nove anos, a minha motivação para regressar à presidência da Câmara de Albufeira está no facto de poder ter uma ação cívica que valorize Albufeira face à minha experiência e competência para abordar várias áreas que considero não estarem a ter a devida atenção. Também o facto de muita, mas mesmo muita gente me ter abordado e incentivado a voltar, para gerir este território no seu todo e não apenas uma parte. Juntando a isso a aceitação por parte de homens e mulheres desta terra que se têm disponibilizado para o engrandecimento do Movimento Independente “Desidério por Albufeira” e na feitura de listas a todos os órgãos autárquicos de Albufeira.
P – Na leitura que faz da gestão autárquica nos últimos 10 anos acha que Albufeira perdeu dinamismo e protagonismo? Que análise faz?
R – É minha convicção e não só que Albufeira perdeu protagonismo, mas o mais importante não é a minha convicção, é a perceção que as pessoas têm disso e em particular a “marca” Albufeira no contexto regional, nacional e internacional. Um território que vive essencialmente de turismo e tudo o que nele concentra, tem que ser visto como um território onde o visitante tem que ter ofertas e diversidade suficiente, para criar essa vontade. Temos perdido alguns mercados emergentes e em especial o turismo de família. É altura de inverter tudo isso, criando alternativas mais sugestivas além do produto “sol e praia”. Mais qualidade; mais segurança; mais oferta diversificada e durante todo o ano.
“Albufeira perdeu protagonismo… no contexto regional, nacional e internacional. É altura de inverter tudo isso”
P – O que é que a sua candidatura pode trazer de diferente?
R – A minha candidatura pode trazer a experiência de 15 anos de autarca e seis anos de presidência do Turismo do Algarve. Os contactos nacionais, internacionais, o facto de olhar para o meu concelho com uma visão mais estratégica e para o futuro e não apenas no dia-a-dia ou mês a mês. Os tempos mudaram, os horizontes são mais amplos. Existem experiências em outros destinos turísticos que é preciso adotar e pôr em prática. Com a minha experiência e o meu conhecimento de outros destinos, e na relação com os mercados emergentes, será tudo bem diferente, para melhor. Além disso, é importante reavaliar o modelo de negócio existente. Alterar para ofertas de qualidade, envolvendo os parceiros e a sociedade civil. Ouvir e intervir no “Nós” e não no “Eu” – Essa será a diferença que quero pôr em prática.
P – Não receia que, sobretudo da área do PSD a quem está ligada a sua carreira política, possa ser olhado pelos eleitores com desconfiança, dizendo que decidiu avançar com uma plataforma cívica porque não foi recebido como o seu candidato.
R – Nada disso me preocupa. Sou um homem livre. Dei tanto ao PSD, como o PSD a mim. Estamos quites. O ter saído do PSD teve a ver com a não aceitação da minha experiência e disponibilidade para colaborar nas várias áreas onde sentia e sinto que poderia ter sido útil, nunca estando, na altura nos meus objetivos, ser candidato pelo PSD. Mas isso é um assunto encerrado. A nossa liberdade de pensamento e escolhas só cabe a nós e em consciência tudo está resolvido. O avançar para um movimento independente já expliquei acima, e face a isso, o ter avançado desta forma.
A minha candidatura pode trazer a experiência de 15 anos de autarca e seis anos de presidência do Turismo do Algarve. Com a minha experiência e o meu conhecimento de outros destinos, será tudo bem diferente, para melhor
P – Foi responsável pelo Turismo do Algarve durante vários anos. Como vê os reflexos da crise pandémica no sector económico mais importante para o Algarve, em geral, e para Albufeira, em particular?
R – Vejo os reflexos desta crise de uma forma muito agressiva e dramática para a região face aos inúmeros constrangimentos na área do Turismo, principal motor de desenvolvimento regional e daí, obviamente, que Albufeira, representando 40% do parque hoteleiro da região, é claramente o concelho mais afetado por esta pandemia. Mas o facto é que a pandemia está aí e agora o importante é salvaguardar os investimentos e os empregos e pensar o futuro após pandemia, e aí todos seremos necessários. Neste período devia-se estar a preparar o futuro, no âmbito da promoção turística regional e local, porque outros países e até regiões nacionais estão a fazer esse trabalho. Cada dia que passa é um dia perdido e não recuperado. Há muito por fazer e bem. Eu sei como irei fazê-lo.
P – Se for eleito presidente da Câmara, que medidas ou iniciativas concretas vai tomar para atenuar as consequências desta crise?
R – Tomarei as medidas adequadas à situação que encontrar no momento. Importantíssimo, um grande trabalho solidário com todas as áreas envolvidas, quer na área da saúde, na social e no tecido empresarial criador de riqueza. Apoios direcionados para quem mais precisa nas diferentes áreas, mas, em particular, trabalhar para o futuro com equipas multidisciplinares e pessoas competentes, conhecedoras que tragam valor acrescentado por Albufeira e não apenas um grupo de “amigos”.
Ganhar com maioria absoluta
P – Qual o objetivo da sua candidatura no que diz respeito a resultados eleitorais?
R – Ganhar com maioria absoluta, o que já fiz por três vezes. Em 2001 com 48%, em 2005 com 63% e em 2009 com 68%.
P – E do ponto de vista dos projetos estratégicos?
R – Resumidamente, os grandes projetos são claramente:
– Colocar a marca Albufeira outra vez no local onde já esteve, ou seja, no topo da região;
– Ter uma grande intervenção social virada para as pessoas, em particular as que estão e estarão com maiores dificuldades;
– Reforçar as componentes da Cultura, Educação e Desporto;
– Criação de grandes espaços verdes;
– Habitação;
– Trabalhar muito nas áreas das alterações climáticas.
– Incentivar o desenvolvimento económico além do Turismo e da Digitalização.